quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Em Destaque - O Apóstolo do Espiritismo

O APÓSTOLO DO ESPIRITISMO

de Gaston Luce



Esta obra é uma biografia de Léon Denis por Gaston Luce e em PRÓLOGO, ou capítulo 1, podemos ler o seguinte:

- «A morte de Léon Denis, ainda tão recente, deixou um grande vazio nas fileiras espíritas do Ocidente e por todas as partes do mundo onde sua obra penetrou […] na qual sua doutrinação aparece em toda a plenitude e poder, dela retirando os mais substanciosos ensinamentos […] A fé que extraímos dela é contagiante, geradora de esperança e de coragem varonil. Eis porque tantos leitores de todas as classes sociais e de todas as regiões encontraram nela virtudes bem eficazes. Sem dúvida alguma, devemos dar crédito à Ciência, desejar o maior êxito nas actuais pesquisas da Metapsíqui¬ca, evitando, porém, repisar os mesmos temas […]
«A nova revelação que o Espiritismo nos apresenta, alicerçada em bases experimentais, é, acima de tudo, de ordem moral: eis o que não se deve esquecer.
«O Espiritismo será científico ou não subsistirá. Certamente, a afirmativa é excelente, com a condição de que não o subordinem a uma ciência vacilante e tímida e não se abandone o verdadeiro caminho da alma.
Léon Denis está entre os que se recusam subordinar a Filosofia, a velha sabedoria humana, às únicas regras da experimentação, porque, nesse domínio, não se trata mais de matéria tangível. A concepção mecanicista do mundo é insuficiente e a única testemunha dos sentidos é de flagrante indigência. Assim, não se querendo limitar unicamente aos factos, volta-se para a mais evidente realidade, a do Espírito (Razão, Consciência, Sentimento), a única que pode conduzir à Causa Primária e liga, em verdade, o homem ao Universo.
«Concepção religiosa? Se o quisermos; porém, a característica do homem não é ser um animal religioso? Consciente de sua pequenez, no seio da criação, Léon Denis mantém uma invencível fé na imanente justiça, na perfeição das leis eternas, na bondade de Deus. Daí sua permanente serenidade.
«O que caracteriza sua filosofia são os altos voos, é o amor ao aperfeiçoamento. Sua última palavra de ordem é: Santifica-te! Evolui! - a vida é uma ascensão - sempre para mais alto!
«Uma tal vida, consagrada exclusivamente à busca da Verdade, ao estudo e à meditação, não deixaria transparecer os aborrecimentos e as inquietações tão comuns […]
«Que possamos, em nosso desejo de reverenciar tão querida memória, ter posto em destaque a nobre figura do bom Mestre de Tours, o Apóstolo do Espiritismo, como era denominado o destemido mensageiro da Boa Nova, cujo nome desperta no mundo, entre os que leram seus livros, um profundo reconhecimento e uma piedosa veneração, servindo, ao mesmo tempo, a uma Causa - bela entre todas»

Esta obra está dividida em 7 capítulos e subdividida em outros mais, cujos títulos transcrevemos, pelo menos alguns, para referência: INFÂNCIA E JUVENTUDE - OS INÍCIOS - O APOSTOLADO - A VELHICE - O HOMEM - A OBRA - EM TOURS - A GUERRA - O GRUPO DA RUA CIRNE - OUTRA VIAGEM - O CONFERENCISTA DA LIGA DO ENSINO - PRIMEIRAS OBRAS - O CONGRESSO ESPIRITUALISTA INTERNACIONAL DE 1889 - O ORADOR - O ESCRITOR .
Em APÊNDICES podemos encontrar, também como exemplo, os seguintes títulos: ROTEIRO DOUTRINÁRIO DE LÉON DENIS - LÉON DENIS NOS CONGRESSOS ESPÍRITAS - RENOVAÇÃO - TRECHO DE UMA COMUNICAÇÃO DE LÉON DENIS – OBTIDA EM TOURS – APÓS SUA MORTE

As transcrições a seguir referidas têm como objectivo facultar a observação do estilo do autor e da abordagem temática:

- «Léon Denis nasceu em 1° de janeiro de 1846, em Foug, pequena localidade de Toul, atravessada pela grande ferrovia Paris-Strasbourg.
«Notou-se que seu nome está incluído no do Grande Iniciador Allan Kardec, que se chamava, na realidade, Léon Denizard Rivail.
«Simples coincidência, dirão uns; pelos menos, uma singular analogia, pensarão outros»

- «Abrindo-se uma vaga na Casa da Moeda de Bordeaux, seu pai conseguiu transferência para essa cidade. Nova mudança e novas despesas.
«O salário do chefe de família era insuficiente para manter a casa. Léon teve que interromper seus estudos para acompanhar seu pai e ajudá-lo em seu trabalho de polimento das moedas.
«O pobrezinho esforçava-se ao máximo nesse ingrato trabalho: seus delicados dedos se tingiam de sangue para descolar as lâminas de cobre. Entretanto, as poucas moedas que conseguia ajudavam a melhorar o magro ordenado paterno.
«Em março de 1857, a Casa da Moeda terminou a refundição das moedas de cobre e Joseph Denis empregou se na Companhia das Estradas de Ferro do Sul. Após curto estágio como carteiro da estação de Bordeaux, conseguiu o emprego desejado: estava nomeado chefe da estação de Morcenx, em Landes.
«A família ia achar um abrigo menos precário. Não era uma ótima situação, certamente, porém, bastava para assegurar as necessidades da casa. Além disso, abria perspectiva de uma vida mais estável, o que era do agrado da Sra. Denis. Finalmente, seu pequeno Léon poderia recomeçar seus estudos interrompidos. Seu grande desejo se realizava»

- «Em Giovanna, Léon Denis traça um esboço muito apurado, o que se poderia chamar de romance espírita, género já tratado, desde então, por excelentes escritores cuja audácia teve justificado sucesso. A acção desenrola-se ainda na Itália. Notamos, de passagem, a viva influência que exerceu em sua sensibilidade de escritor essa terra clássica das artes, cuja língua ele falava e cujos poetas gostava de citar.
«A narrativa começa com uma admirável descrição do Lago de Como:
Esse pedaço do céu da Itália, caído entre as montanhas, esse Paraíso Maravilhoso, onde reina a Natureza, enfeitada para uma eterna festa.
«É em Gravedona, ao norte do Monte Lario, entre os altos cumes dos Alpes, que se desenvolve o tocante idílio do romance. O enredo é de extrema simplicidade. Entre os pobres habitantes de Gravedona, a meiga Giovanna aparece como uma madona de um quadro de Luini.
«Giovanna é uma bela moça empenhada em socorrer a miséria em seu derredor; uma dessas naturezas especiais, que aparecem por um instante, entre os homens, para consolá-los por sua feiura física e enfermidades morais e que logo retornam à sua verdadeira pátria: o Céu. Giovanna Speranzi nasceu na Vila das Almecegueiras, de onde são vistos, do vale, os terraços alvacentos. Seus 18 anos escoaram nesses lugares bafejados pelo Sol e pelas flores. Dizem que a alma está ligada por secretas influências às regiões que ela habita e que participa da graça ou da rudeza do ambiente»

- «Os verdadeiros teólogos não podem desconhecer a analogia gritante que existe entre os fenómenos espíritas e os da doutrina cristã. Parece que, embora um pouco tardiamente, isto vai sendo hoje compreendido. O escritor espírita destacava, a seguir, com energia, quanto a atitude da Igreja contemporânea é contrária à sua própria doutrina e prejudicial a seus interesses e aos da civilização inteira. «Para introduzir na vida individual e colectiva elementos de disciplina, a religião deve colocar-se em harmonia com as necessidades intelectuais, com os conhecimentos e as aspirações da época.
«Ora, a Igreja Católica e as Igrejas Cristãs perpetraram o erro de crer que a comunhão espiritual estabelecida pelo Cristo entre ela e o mundo invisível tinha um carácter exclusivo e temporário, quando essa comunhão é, na verdade, permanente e universal. «Conclui-se que secou para elas a fonte de onde jorram, abundantemente, as forças, os socorros e as inspirações do Alto. «O influxo divino não veio mais fecundar o espírito do Catolicismo; a incredulidade e o ateísmo submergiram tudo»

- «A tradução de seu consolador livro Depois da Morte acaba de ser lançada em Leipzig. De todos os lados, o Mestre recebe cartas de discípulos, de visitantes estrangeiros de passagem, que desejam conhecer, em Tours, um estranho Loreno.
«Deliberadamente, Denis desprezou a Literatura e a Política, para assumir a tarefa ingrata de defender e de propagar as mais extravagantes teses, do ponto de vista dos professores, dos jornalistas e de outras categorias de cépticos. Sua consagração, no Congresso Internacional de 1925, foi magnífica e jornalistas incrédulos, como Géo London, do Journal, reconheceram e confessaram a sublimidade da Doutrina Espírita»

DESEJAMOS UMA BOA LEITURA!

Carmen, 2010.Nov17.AELA-Destaques

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

A Vida e a Morte de Charlie

 O respeitado Gus Van Sant segue a trilha em seu mais recente trabalho, "Restless", previsto para 2011, traz Mya Wasikowska, a Alice do filme de Tim Burton, no papel de uma adolescente apaixonada por um rapaz (Henry Hopper) que gosta de assistir a funerais. Presa a uma cama de hospital, em estado terminal, ela conversa diariamente com o espírito de um piloto "kamikaze" (Ryo Kaze) falecido na Segunda Guerra Mundial.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

"Julgar sem conhecer" de "O Livro dos Espíritos"


«Quem, de magnetismo terrestre, apenas conhecesse o brinquedo dos patinhos imantados que, sob a acção do íman, se movimentam em todas as direcções numa bacia com água, dificilmente poderia compreender que ali está o segredo do mecanismo do Universo e da marcha dos mundos. O mesmo se dá com quem, do Espiritismo, apenas conhece o movimento das mesas, em o qual só vê um divertimento, um passatempo, sem compreender que esse fenómeno tão simples e vulgar, que a antiguidade e até povos semi-selvagens conheceram, possa ter ligação com as mais graves questões da ordem social. Efectivamente, para o observador superficial, que relação pode ter com a moral e o futuro da Humanidade uma mesa que se move? Quem quer, porém, que reflicta se lembrará de que de uma simples panela a ferver e cuja tampa se erguia continuamente, facto que também ocorre desde toda a antiguidade, saíu o possante motor com que o homem transpõe o espaço e suprime as distâncias.
Pois bem! Sabei, vós que não credes senão no que pertence ao mundo material, que dessa mesa, que gira e vos faz sorrir desdenhosamente, saíu uma ciência, assim como a solução dos problemas que nenhuma filosofia pudera ainda resolver. Apelo para todos os adversários de boa-fé e os adjuro a que digam se se deram ao trabalho de estudar o que criticam. Porque, em boa lógica, a crítica só tem valor quando o crítico é conhecedor daquilo de que fala. Zombar de uma coisa que se não conhece, que se não sondou com o escalpelo do observador consciencioso, não é criticar, é dar prova de leviandade e triste mostra de falta de critério. Certamente que, se houvéssemos apresentado esta filosofia como obra de um cérebro humano, menos desdenhoso tratamento encontraria e teria merecido as honras do exame dos que pretendem dirigir a opinião. Vem ela, porém, dos Espíritos. Que absurdo! Mal lhe dispensam um simples olhar. Julgam-na pelo título»

Allan Kardec, O LIVRO DOS ESPÍRITOS, Conclusão, §1

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Chega de preconceito !

Periodicamente, a humanidade recebe a presença de grandes espíritos que encarnam com a missão de reestruturar certas crenças e impulsionar a evolução coletiva. São os chamados “avatares”. Tivemos a presença de Sidarta Gautama, conhecido como Buda (o desperto), que colaborou com o avanço espiritual na Índia, dando início ao que conhecemos, hoje, como Budismo, nas suas variadas escolas. Assim também foi com Jesus, que era judeu, mas, procurou resgatar a pureza de coração na vivência diária. Seus discípulos iniciaram um movimento chamado Cristianismo, que, tempos depois, se tornou a religião oficial do Império Romano. 
 
Lao Tzé, Confúcio, Krishna, Maomé, Moisés, Lutero, entre outros, trouxeram, sem sombra de dúvida, um grande avanço na evolução planetária. Sem falarmos dos filósofos, como Sócrates, Aristóteles, etc.

Claro que não pretendemos dizer, com isso, que estes grandes mestres do pensamento humano sejam representantes absolutos da Verdade. Não... e duvido que um grande mestre se coloque nesta posição. Mas, são como bússolas norteando nosso caminho.

Todo movimento religioso sofre diversas influências, ao longo dos séculos; algumas benéficas, que revigoram a própria religiosidade original. Outras, como valores culturais, interesses pessoais, preconceitos, etc., acabam deturpando a proposta dos grandes mestres.

No caso do movimento espírita, costumo dizer, ironicamente, que o que se pratica não é Espiritismo, mas, “kardecismo”, devido à tamanha autoridade que os espíritas dão às obras da codificação, algo que Kardec nunca impôs.

Sobre o movimento pela “pureza doutrinária”, que sempre contou com adeptos de “carteirinha” no Espiritismo, eu gostaria de dizer o seguinte:
Eu respeito imensamente a obra de Kardec, mas, baseando-me na História, reconheço que certos ensinamentos, na codificação, não condizem, necessariamente, com a realidade, mas, são fruto de um visão cultural da época, dos espíritos e até dos médiuns.

Reconheço grandes ensinamentos na codificação, mas, discordo de alguns, com base nos meus estudos de outras doutrinas espiritualistas e, principalmente, na minha experiência prática, na minha vivência.

Aqueles que fazem da codificação kardequiana uma obra representante da Verdade absoluta, inquestionável, estão criando uma ortodoxia dogmática e matando o princípio da dúvida filosófica. 
 
A doutrina é evolucionista e seus fundamentos podem ser encontrados em outras religiões. Kardec chegou, inclusive, a sugerir um catálogo racional para se montar uma biblioteca espírita. Neste catálogo, ele indica, entre outros livros: o Bhagava Gita, o Alcorão, entre outros livros orientais. Kardec sugere, neste mesmo catálogo, que se inclua obras antiespíritas para que tenhamos conhecimento dos argumentos contrários. Isso, sim, é uma atitude filosófica.

Kardec nunca disse para os espíritas estudarem somente aquilo que estivesse de acordo com a codificação. Ao contrário, ele deixou claro que novas obras viriam complementar... bastava que usássemos o raciocínio e separássemos o joio do trigo.

Portanto, a codificação é obra de Kardec, mas o Espiritismo vai além dela. É uma doutrina em construção, um “edifício” inacabado em que todos nós trabalhamos.

Escrito por Victor Rebelo   

FONTE: www.rcespiritismo.com.br/index.php?option=com_content&task=view&id=795&Itemid=25

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

COMUNICAÇÕES


«As comunicações frívolas emanam de Espíritos levianos, zombeteiros, ou brincalhões, antes maliciosos do que maus, e que nenhuma importância ligam ao que dizem. Como nada de indecoroso encerram, essas comunicações agradam a certas pessoas, que com elas se divertem, porque encontram prazer nas confabulações fúteis, em que muito se fala para nada dizer. […] 

«As pessoas que se comprazem nesse género de comunicações naturalmente dão acesso aos Espíritos levianos e falaciosos. Delas se afastam os Espíritos sérios […]

«As comunicações sérias são ponderosas quanto ao assunto e elevadas quanto à forma. Toda comunicação que, isenta de frivolidade e de grosseria, objectiva um fim útil, ainda que de carácter particular, é, por esse simples facto, uma comunicação séria. Nem todos os Espíritos sérios são igualmente esclarecidos; há muita coisa que eles ignoram e sobre que podem enganar-se de boa-fé. Por isso é que os Espíritos verdadeiramente superiores nos recomendam de contínuo que submetamos todas as comunicações ao crivo da razão e da mais rigorosa lógica.

«No tocante a comunicações sérias, cumpre se distingam as verdadeiras das falsas, o que nem sempre é fácil […]

«Instrutivas são as comunicações sérias cujo principal objecto consiste num ensinamento qualquer, dado pelos Espíritos, sobre as ciências, a moral, a filosofia, etc. São mais ou menos profundas, conforme o grau de elevação e de desmaterialização do Espírito. Para se retirarem frutos reais dessas comunicações, preciso é que elas sejam regulares e continuadas com perseverança. Os Espíritos sérios se ligam aos que desejam instruir-se e lhes secundam os esforços […]

«São variadíssimos os meios de comunicação. Actuando sobre os nossos órgãos e sobre todos os nossos sentidos, podem os Espíritos manifestar-se à nossa visão, por meio das aparições; ao nosso tacto, por impressões tangíveis, visíveis ou ocultas; à audição pelos ruídos; ao olfacto por meio de odores sem causa conhecida. Este último modo de manifestação, se bem muito real, é, incontestavelmente, o mais incerto, pelas múltiplas causas que podem induzir em erro. Daí o nos não demorarmos em tratar dele. O que devemos examinar com cuidado são os diversos meios de se obterem comunicações, isto é, uma permuta regular e continuada de pensamentos»

 Allan Kardec, O LIVRO DOS MÉDIUNS,  cap. X, §135-138

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Em Destaque - Missionários da Luz, psicografia de Francisco C. Xavier


MISSIONÁRIOS DA LUZ

psicografia de Francisco Cândido Xavier




Esta obra é uma psicografia ditada pelo Espírito André Luiz ao médium Francisco Xavier e considera-se o terceiro dos treze livros que constituem a Colecção A Vida no Mundo Espiritual.

Em ANTE OS TEMPOS NOVOS, inspirado por Emmanuel, a jeito de prefácio podemos ler o seguinte:

- «Enquanto a história relaciona a intervenção de fadas, referindo-se aos génios tutelares, aos palácios ocultos e às maravilhas da floresta desconhecida, as crianças escutam atentas, estampando alegria e interesse no semblante feliz. Todavia, quando o narrador modifica a palavra, fixando-a nas realidades educativas, retrai-se a mente infantil, contrafeita, cansada... Não compreende a promessa da vida futura, com os seus trabalhos e responsabilidades.
«Os corações, ainda tenros, amam o sonho, aguardam heroísmo fácil, estimam o menor esforço, não entendem, de pronto, o labor divino da perfeição eterna e, por isso, afastam-se do ensinamento real, admirados, espantadiços. A vida, porém, espera-os com as suas leis imutáveis e revela-lhes a verdade, gradativamente, sem ruídos espectaculares, com serenidade de mãe.
«As páginas de André Luiz recordam essa imagem.
«Enquanto os Espíritos Sábios e Benevolentes trazem a visão celeste, alargando o campo das esperanças humanas, todos os companheiros encarnados nos ouvem, extáticos, venturosos. É a consolação sublime, o conforto desejado. Congregam-se os corações para receber as mensagens do céu.
«Mas, se os emissários do plano superior revelam alguns ângulos da vida espiritual, falando-lhes do trabalho, do esforço próprio, da responsabilidade pessoal, da luta edificante, do estudo necessário, do auto-aperfeiçoamento […] onde o trabalhador não se elevará pela mão beijada do proteccionismo e sim à custa de si mesmo, para que deva à própria consciência a vitória ou a derrota […]
«A maioria espanta-se e tenta o recuo. Pretende um céu fácil, depois da morte do corpo, que seja conquistado por meras afirmativas doutrinais. Ninguém, contudo, perturbará a lei divina; a verdade vencerá sempre e a vida eterna continuará ensinando, devagarinho, com paciência maternal»

Esta obra está dividida em 20 capítulos e deles transcrevemos alguns, por exemplo: O PSICÓGRAFO - A EPÍFISE - DESENVOLVIMENTO MEDIÚNICO - SOCORRO ESPIRITUAL - MEDIUNIDADE E FENÔMENO - MATERIALIZAÇÃO - PROTECÇÃO – OBSESSÃO - PASSES – ADEUS.

As transcrições a seguir referidas têm como objectivo facultar a observação do estilo do autor e da abordagem temática:

- «Dentre as dezenas de cadeiras, dispostas em filas, somente dezoito permaneciam ocupadas por pessoas terrestres, autênticas.
«As demais atendiam à massa invisível aos olhos comuns do plano físico. «Grande assembleia de almas sofredoras. Público extenso e necessitado. Reparei que fios luminosos dividiam os assistentes da região espiritual em turmas diferentes. Cada grupo exibia características próprias. Em torno das zonas de acesso postavam-se corpos de guarda e compreendi, pelo vozeio do exterior, que também ali a entrada dos desencarnados obedecia a controle significativo. As entidades necessitadas, admitidas ao interior, mantinham discrição e silêncio.
«Entrei cauteloso, sem despertar atenção na assembleia que ouvia, emocionadamente, a palavra generosa e edificante de operoso instrutor da casa. Grande número de cooperadores velava, atento. «E, enquanto o devotado mentor falava com o coração nas palavras, os dezoito companheiros encarnados demoravam-se em rigorosa concentração do pensamento, elevado a objectivos altos e puros.
«Era belo sentir-lhes a vibração particular. Cada qual emitia raios luminosos, muito diferentes entre si, na intensidade e na cor. Esses raios confundiam-se à distância aproximada de sessenta centímetros dos corpos físicos e estabeleciam uma corrente de força, bastante diversa das energias de nossa esfera. Essa corrente não se limitava ao círculo movimentado. Em certo ponto, despejava elementos vitais, à maneira de fonte miraculosa, com origem nos corações e nos cérebros humanos que aí se reuniam. As energias dos encarnados casavam-se aos fluidos vigorosos dos trabalhadores de nosso plano de acção, congregados em vasto número, formando precioso armazém de benefícios para os infelizes, extremamente apegados ainda às sensações fisiológicas.
«Semelhantes forças mentais não são ilusórias, como pode parecer ao raciocínio terrestre, menos esclarecido quanto às reservas infinitas de possibilidades além da matéria mais grosseira»

- « – Existem, então – perguntei sob forte interesse –, aqueles que reencarnam inconsciente do acto que realizam?
« – Certamente – respondeu ele, solicito –, assim também como desencarnam diariamente na Crosta milhares de pessoas sem a menor noção do acto que experimentam. Somente as almas educadas têm compreensão real da verdadeira situação que se lhes apresenta em frente da morte do corpo. Do mesmo modo, aqui. A maioria dos que retomam a existência corporal na esfera do Globo é magnetizada pelos benfeitores espirituais, que lhes organizam novas tarefas redentoras, e quantos recebem semelhante auxílio são conduzidos ao templo maternal de carne como crianças adormecidas.
«O trabalho inicial, que a rigor lhes compete na organização do feto, passa a ser executado pela mente materna e pelos amigos que os ajudam de nosso plano. São inúmeros os que regressam à Crosta nessas condições, reconduzidos por autoridades superiores de nossa esfera de acção, em vista das necessidades de certas almas encarnadas, de certos lares e determinados agrupamentos.
«A explicação não podia ser mais lógica e, uma vez ainda, admirei no amoroso amigo o dom da clareza e da simplicidade»

- «E olhando angustiosamente para o meu orientador, observou, inquieto: – Tenho receio... Muito receio...
«Alexandre sentou-se paternalmente ao lado dele e disse-lhe, com ternura: – Não asile o monstro do medo no coração. A hora é de confiança e coragem. Ouça, Segismundo! Se você guarda alguma preocupação, divida connosco os seus pesares, fale de tudo o que constitua dificuldade em seu íntimo! Abra sua alma, querido amigo! «Lembre-se de que o instante da passagem definitiva de plano se aproxima. Torna-se indispensável manter o pensamento puro, lavado de todos os detritos!
«O interlocutor deixou cair algumas lágrimas e conversou com esforço:
« – Sabe que empreendi pequenina obra de socorro, nas cercanias de nossa colónia espiritual... A obra foi autorizada pelos nossos Maiores e... «Apesar do bom funcionamento... Sinto que não está terminada e que tenho em sua estrutura grandes responsabilidades... Não sei se fiz bem... «Pedindo agora o retorno à Crosta do Mundo, antes de consolidar meu trabalho... Entretanto... Reconheci que para seguir além... Precisava reconciliar-me com a própria consciência, buscando os adversários de outro tempo... A fim de resgatar minhas faltas...
«E enquanto o instrutor e os demais amigos o acompanhavam, em silêncio, Segismundo prosseguia: – Foi por isto... Que insisti tanto pela obtenção de minha volta... Como poderia conduzir os outros à plena conversão espiritual... Diante dos ensinamentos do Cristo... Sem haver pago minhas próprias dívidas? Como ensinar os irmãos sofredores... «Sofrendo eu mesmo... Dolorosas chagas em virtude do passado cruel? «Agora, porém... Que se aproxima o recomeço difícil... Tortura-me o receio de errar novamente... »

DESEJAMOS UMA BOA LEITURA!

Carmen, 2010.Nov01.AELA-Destaques

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

IV Ciclo de Palestras Espíritas de Setúbal - 17-10-2010 - Dr. João Jacinto

ESTUDOS SOBRE REENCARNAÇÃO



Revista Espírita, janeiro de 1864
(Sociedade Espírita de Paris. Médium, senhorita A. C.)
Publicado na Revista Espírita - Jornal de Estudos Psicológicos - 7º ano - Nº 1 - Janeiro de
1864
1ª Edição - 1995 - Instituto de Difusão Espírita
I - Limites da reencarnação.
A reencarnação é necessária enquanto a matéria domina o Espírito; mas do momento em que o Espírito encarnado chegou a dominar a matéria e anular os efeitos de sua reação sobre o moral, a reencarnação não tem mais nenhuma utilidade nem razão de ser. Com efeito, o corpo é necessário ao Espírito para o trabalho progressivo até que, tendo chegado a manejar esse instrumento à sua maneira, a lhe imprimir a sua vontade, o trabalho está realizado. É-lhe preciso, então, um outro campo para a sua caminhada, para o seu adiantamento no infinito; lhe é preciso um outro círculo de estudos onde a matéria grosseira das esferas inferiores seja desconhecida. Tendo sobre a Terra, ou em globos análogos, depurado e experimentado suas sensações, está maduro para a vida espiritual e seus estudos. Tendo se elevado acima de todas as sensações corpóreas, não tem mais nenhum desses desejos ou necessidades inerentes à corporeidade: ele é Espírito e vive pelas sensações espirituais que são infinitamente mais deliciosas do que as mais agradáveis sensações corpóreas.
II - A reencarnação e as aspirações do homem.
As aspirações da alma ocasionam a sua realização, e esta realização se cumpre na reencarnação enquanto o Espírito está no trabalho material; eu me explico. Tomemos o Espírito em seu início na carreira humana; estúpido e bruto, sente, no entanto, a centelha divina nele, uma vez que adora um Deus, que ele materializa segundo a sua materialidade.
Nesse ser, ainda vizinho do animal, há uma aspiração instintiva, quase inconsciente, rumo a um estado menos inferior. Começa por desejar satisfazer seus apetites materiais, e inveja aqueles que vê num estado melhor do que o seu; também, numa encarnação seguinte, ele mesmo escolhe, ou antes, é arrastado a um corpo mais aperfeiçoado; e sempre, em cada uma de suas existências, deseja uma melhoria material; não se achando jamais feliz, quer sempre subir, porque a aspiração à felicidade é a grande alavanca do progresso.
À medida que suas sensações corpóreas se tornam maiores, mais refinadas, suas sensações espirituais despertam e crescem também. Então o trabalho moral começa, e a depuração da alma se une à aspiração do corpo para chegar ao estado superior.
Esse estado de igualdade das aspirações materiais e espirituais não é de longa duração; logo o Espírito se eleva acima da matéria, e suas sensações não podem ser satisfeitas por ela; é-lhe preciso mais; lhe é preciso o melhor; mas aí o corpo, tendo sido levado à sua perfeição sensitiva, não pode seguir o Espírito, que então o domina e dele se desliga cada vez mais, como um instrumento inútil. Volta todos os seus desejos, todas as suas aspirações, para um estado superior; sente que as necessidades corpóreas, que lhe eram um objeto de felicidade em suas satisfações, não são mais do que uma tortura, um rebaixamento, do que uma triste necessidade da qual aspira se libertar para gozar, sem entraves, de todas as felicidades espirituais que ele pressente.

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