domingo, 10 de janeiro de 2010

REFLEXÃO


           Em todas as linhas espiritualistas o Ego humano não deixa de expressar subtilmente, através do seu perspicaz e instintivo intelecto, o desejo de sobrepor-se à ordem estabelecida que encontra, utilizando para isso tudo o que a sua mente registou na luta no Mundo, servindo-se das concepções estabelecidas para se sobrepor a seus irmãos de jornada. Muitas vezes não hesitando em proceder de forma reprovável contra aqueles que os ajudaram e lhe deram a mão amiga convencidos que os superaram.

         Os exemplos de outras linhas espiritualistas servem de base ao que acontece muitas vezes no nosso caminho de aprendizagem e por isso achei interessante reproduzir aqui o testemunho de Sri Maha Krishna Swami, no seu livro intitulado – Ramana Meu Mestre.  

         Bhagavan Sri Ramana não aprovava distinções. Durante o trabalho, durante as refeições ou em qualquer outra actividade, jamais fazia separação entre ele próprio e os demais. Entretanto, o povo hindu é bastante conservador em seus hábitos e insistiam em levantar-se quando Sri Ramana entrava no hall ou saída dele. Algumas pessoas se impunham como dever oferecer-lhe iguarias ou frutas raras. Como não percebessem que estavam agindo contra os ensinamentos, Ramana advertiu-as: “Porque toda essa demonstração de respeito e devoção? Quem aqui lhes ensinou tamanha hipocrisia? O que vocês ganham com isso? Não podem ser apenas naturais? O importante é ter o coração puro e sincero. Como vocês podem conscientizar-se da essência divina com uma demonstração externa?.

         A homenagem exterior poderia ser aceita, na melhor das hipóteses, de uma forma gentil, pois Bhagavan Sri Ramana era delicado para com todos. Mas ele nunca deixou que esses gestos externos se tornassem mais importantes que a recepção dos ensinamentos que ele transmitia. Ele sempre foi muito claro e categórico a esse respeito: “Existem aqueles que levam seus falsos mestres em procissão e os ostentam perante a multidão. Quando se cansam deles, cavam um poço e perguntam: ‘Você entrará no poço por si mesmo ou nós devemos empurrá-lo?’ Não são raras as pessoas que chegam aqui e se mostram bastante sinceras, mas assim que elas se acomodam acham-se donas do lugar. Agem como posseiros e querem adaptar tudo ao seu gosto pessoal. Pensam que o Mestre deve satisfazer suas vontades e não percebem sua inconsciência espiritual. Em troca de suas demonstrações de devoção, o Mestre tem que neutralizar toda a desarmonia que causam. Essas pessoas imaginam que é dever do Mestre fazer o trabalho de elaboração por elas. Pela prática constante da meditação é possível purificar-se, reconhecer o ego, desmascará-lo e aniquilá-lo. Mas as pessoas queimam cânfora e esperam purificar-se com isso. Será que elas realmente acreditam que podem conseguir algo sem um trabalho de auto-elaboração? Elas não querem submeter-se à vontade divina, mas querem que a vontade divina se curve diante delas. Algumas ostentam suas oferendas aos Mestres. O que elas têm para oferecer? A única oferenda real é aniquilar a mente pensante e permanecer natural, de acordo com a essência divina”.

Com muita amizade

 Abrame

1 comentário:

  1. Obrigada por esta reflexão tão bela e plena de significado
    Indyvinci

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