sábado, 2 de janeiro de 2010

SEJAMOS TAMBÉM FILÓSOFOS


No passado dia 19 de Novembro do ano transacto, celebrou-se o Dia Internacional da Filosofia, instituído em 2002, pela UNESCO. Foi um dia que passou completamente despercebido no nosso País.

De imediato nos veio à ideia a afirmação de Allan Kardec, feita no preâmbulo do seu livro “O que é o Espiritismo”; “O Espiritismo é simultaneamente uma ciência de observação e uma doutrina filosófica. Como ciência prática ele consiste nas relações que podemos estabelecer com os Espíritos; como filosofia, compreende todas as consequências morais que dimanam dessas mesmas relações.”

Como filosofia, a Doutrina Espírita assenta, fundamentalmente, no tratado contido no Livro dos Espíritos, o qual foi trazido à Humanidade pelos espíritos superiores e ditado a Kardec, o qual com a sua inteligência e capacidades notáveis deu início à Codificação Espírita.

Poderão alguns - naturalmente não espíritas - afirmar que o Espiritismo não é uma Filosofia, pois não adopta uma linguagem técnica. O Prof. Herculano Pires, em dado momento da sua vida, foi bastante confrontado com essas observações, feitas por alguns formalistas. Não deixando de tomar posição quanto a essa argumentação, fê-lo da seguinte forma: “Seria o caso de perguntarmos se filosofia é uma técnica de linguagem ou um processo de indagação da verdade através do pensamento.”

Em cada um de nós, dos mais cultos aos menos cultos, existe um filósofo em potência, um ser cósmico, talhado para pensar, para descobrir a beleza da vida, tanto material como espiritual, procurar transcender-se até ao Criador. Afinal, filosofar, como disse o Prof. Herculano Pires, é “descobrir no fundo de si, como no fundo do poço, a pureza da verdade nua.”

A definição de Filosofia, feita por Pitágoras, como sendo “O amor da sabedoria”, é concomitantemente simples e profunda. Para atingirmos essa sabedoria, a que se refere o filósofo grego, importa ser um pensador livre, liberto de preconceitos e de dogmas, tão castradores da nossa consciência. E uma das virtudes da Doutrina Espírita é o apelo que esta faz à fé raciocinada. Atente-se nas palavras de Kardec, no O Livro dos Espíritos. Conclusão, item 6: “Faria uma ideia bem falsa do Espiritismo quem julgasse que a sua força lhe vem da prática das manifestações materiais [...]. A sua força está na sua filosofia, no apelo que faz à razão, ao bom-senso. [...] Fala uma linguagem clara, sem ambiguidades. Nele nada há de místico, nada de alegorias susceptíveis de falsas interpretações: quer ser compreendido por todos, porque chegaram os tempos de fazer os homens conhecerem a verdade [...]. Não exige uma crença cega, quer que se saiba por que crê. Apoiando-se na razão, ele será sempre mais forte do aqueles que se apoiam no nada.”

Kardec foi, sem dúvida, um pedagogo do seu tempo, mas afirmou-se, essencialmente, como o primeiro pensador espírita, o primeiro filósofo espírita, na verdadeira acepção do termo. Deixou-nos um legado notável, um conjunto de estudos, de pensamentos e de reflexões, feitos com invulgar inteligência, inscritos por toda a sua obra, cuja profundidade importa estudar, compreender e divulgar. É necessário, por isso, ler e reler Kardec, não bastando uma mera leitura superficial ou de ocasião. Impõe-se um estudo aprofundado e sistematizado.

A Doutrina Espírita, para quem escolheu a vida espiritual, é um princípio, um meio, mas nunca será o fim. E se procuramos a VERDADE - que está em DEUS -, a Doutrina Espírita é um caminho, de entre vários, pois como disse o filósofo maior JESUS, conhecereis a VERDADE, e a verdade vos libertará. Saibamos, pois, trilhar esse caminho com convicção, firmeza e segurança, pois, inevitavelmente, outros caminhos nos serão oferecidos.

E como ponto final nesta nossa reflexão citamos o filósofo universalista Huberto Rohden, no seu livro de Alma para Alma; “O homem Cósmico está com os pés solidamente firmados na Terra e com a cabeça gloriosamente banhada pela luz eterna do céu e, quando contempla o céu, não perde de vista a Terra.”


João Batista

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