quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

A morte e o desligamento em "O Céu e o Inferno"


«Não sei onde estou... que turbação me cerca! […] Sou como que duas personalidades... Oh! quando chegarei a compreender o que comigo se passa? É necessário que vá lá ainda... meu outro ‘eu’, que lhe sucederá na minha ausência? Adeus.
«O sentimento da dualidade que não está ainda destruído por uma completa separação, é aqui evidente. Carácter volúvel […] Mas, como não possuísse vícios sérios e fosse de boa índole, essa situação nada tinha de penosa e não deveria prolongar-se por muito tempo. Evocada novamente depois de alguns dias, as suas ideias estavam já muito modificadas. Eis o que disse: «Obrigada por haverdes orado por mim. Reconheço a bondade de Deus, que me subtraiu aos sofrimentos e apreensões consequentes ao desligamento do meu Espírito. À minha pobre mãe será dificílimo resignar-se; entretanto será confortada, e o que a seus olhos constitui sensível desgraça, era fatal e indispensável para que as coisas do Céu se lhe tornassem no que devem ser: tudo. Estarei ao seu lado até o fim da sua provação terrestre, ajudando-a a suportá-la. Não sou infeliz, porém, muito tenho ainda a fazer para aproximar-me da situação dos bem-aventurados. Pedirei a Deus me conceda voltar a essa Terra para reparação do tempo que aí perdi nesta última existência. A fé vos ampare, meus amigos; confiai na eficácia da prece, mormente quando partida do coração. Deus é bom.
«— P. Levastes muito tempo a reconhecer-vos? — R. Compreendi a morte no mesmo dia que por mim orastes. — P. Era doloroso o estado de perturbação? — R. Não, eu não sofria, acreditava sonhar e aguardava o despertar. Minha vida não foi isenta de dores, mas todo ser encarnado nesse mundo deve sofrer. Resignando--me à vontade de Deus, a minha resignação foi por Ele levada em conta. Grata vos sou pelas preces que me auxiliaram no reconhecimento de mim mesma. Obrigada; voltarei sempre com prazer. Adeus. Hélène»

Allan Kardec, O CÉU E O INFERNO, 2ª pt. Cap. III, SRA. HÉLÈNE MICHEL

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