sábado, 27 de fevereiro de 2010

Fundamentalismo Espírita

Não creio que deva me preocupar com este tema, mais do que qualquer outra pessoa. Talvez devesse, pois tenho visto, mesmo que sutilmente, com ares de defesa doutrinária, este tema no Espiritismo. Pessoas investidas de grande fé e entusiasmo, execrar outras por não se apresentarem na forma tradicionalmente exigida na linguagem ortodoxa.

O Espiritismo é uma doutrina aberta, que evolui no tempo e nas diversas culturas. Exigir a manutenção da redação de Allan Kardec nos escritos e nas falas de hoje, depõe contra o próprio, que advogava o caráter evolutivo do Espiritismo.

Não se trata de alterar livros já escritos, nem deturpar conteúdos, mas de escrever novos livros e trazer novas ideias. Devemos filosofar sobre os princípios básicos do Espiritismo. Devemos pesquisar para melhor explicar os princípios básicos do Espiritismo. Devemos ampliar a religião espírita para que se postule como religiosidade universal. Nada disso acontecerá se mantivermos a mente rígida em ideias cristalizadas, mesmo que coerentes, porém anacrônicas em seu formato final.

Adenáuer Novaes
Fonte: http://adenauernovaes.blogspot.com

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Júlia transmitirá mensagens dos mortos

Com a previsão do início das gravações já na próxima semana, será, contudo, no mês de Março que a TVI irá apostar num programa diferente do habitual que terá como apresentadora Júlia Pinheiro.

Trata-se de um projecto em que uma médium inglesa, Anne Germain, irá receber mensagens de pessoas mortas que irá transmitir a pessoas que se encontram na plateia.

O formato já fez sucesso nos Estados Unidos da América e no Reino Unido, tendo o programa inglês, com o nome original “Crossing Over” sido transmitido em Portugal pelo canal do cabo People & Arts. O programa tinha a apresentação do próprio médium, John Edward. No caso do programa da TVI, dado a médium ser inglesa, Júlia Pinheiro terá seu cargo a tarefa de traduzir as mensagens recebidas pela médium.

Segundo o jornal 24 horas, em cada programa vai estar presente um convidado famoso e, para já, sabe-se que vão ser feitas 3 emissões, dependendo a continuidade dos resultados obtidos.

Até ao momento a apresentadora Júlia Pinheiro esteve sempre indisponível, mas a actriz Inês Castel-Branco, que esteve na elaboração do programa piloto explicou que a ideia do programa será convidar pessoas que sejam cépticas no que respeita ao assunto. Sabe-se ainda que o programa contará com a presença de um psicólogo em estúdio, Pedro Frade, que não quis, porém, adiantar pormenores sobre o que se vai passar em estúdio. Não foi também possível contactar a médium Anne Germain, ainda que se saiba que ela já se encontra em Portugal há algumas semanas.

O jornal 24 horas adiantou ainda que a TVI andará à procura de pessoas famosas para colaborar no programa,do qual ainda é desconhecido o nome, mas acrescentou que nem todos estarão interessados. Cristina Ferreira, a conhecida apresentadora de “Você na TV”, terá declarado que não aceitaria de forma alguma ir a este programa, ainda que não negue a existência de certas forças, visto haver coisas que dão que pensar. Já Lili Caneças e Cinha Jardim terão afirmado a possibilidade de participar, enquanto que Teresa Guilherme terá referido que só aceitaria ir depois de saber todos os detalhes do programa.

Quem terá também afirmado que recusaria o convite terá sido Alexandra Solnado, ao declarar que ainda que seja uma pessoa muito ligada à espiritualidade, jamais participaria num programa destes em Portugal, por duvidar da maneira como o tema será abordado.

Recorde-se que não é a primeira vez que as temáticas do Além serão retratadas nas televisões portuguesas, pois já em 1998 Teresa Guilherme, na SIC, conduziu a emissão do “Programa do Além”, ao que se seguiu Maria João Simões em 2003 com a apresentação e “O Sono da Verdade”, também na SIC.
Conceição Palma 

Fonte: http://novelasnacionais.com/tvi/noticias/3026-julia-transmitira-mensagens-dos-mortos

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

O tomador de passe

Fizesse frio ou calor Batista todas as quartas feiras comparecia as reuniões no centro espírita de seu bairro. Era sempre com muita ansiedade que aguardava o momento solene do passe e não admitia ir ao centro e sair sem “tomá-lo”, mesmo que estivesse gozando de boa saúde física e psíquica. Aprendera há mais de 40 anos com o pai esse benefício e desde então utilizava o recurso semanalmente. Não perdia por nada a abençoada chance de receber as dádivas do além.

Porém, certa vez, por diversos empecilhos Batista partiu da Casa Espírita sem receber o passe. Chateado, não se conformava como pudera sair sem o abençoado recurso. Em casa sentiu-se mal, a roupa empapada de suor demonstrava que algo não ia bem. Pensou: “ Falta do passe!” Só pode ser. Preciso urgentemente de um passe! Chamou a esposa que, atenciosa veio rapidamente em seu socorro. Pediu a ela que providenciasse sua volta ao centro. A esposa, preocupada resolveu não contrariá-lo, afinal conhecia bem Batista e sua teimosia. No entanto, antes que pudessem adentrar o centro espírita Batista desmaiou. A consorte, preocupada com sua saúde achou mais prudente levá-lo ao médico. Após os exames a boa notícia:

Nada grave, apenas queda de pressão e passageiro mal estar. Entretanto, Batista afirmava resoluto que sua saúde descambara por não ter “tomado o passe no centro”.

Indiscutível os maravilhosos efeitos do passe na recuperação psíquica e física das pessoas. É algo insofismável. Jesus curou inúmeros obsedados utilizando sua magnífica técnica do passe, tão bem representada por seu amor ao semelhante. Allan Kardec pesquisou e escreveu muito sobre o assunto, chegando a afirmar na Revista Espírita de Setembro de 1865: "Como a todos é dado apelar aos bons Espíritos, orar e querer o bem, muitas vezes basta impor as mãos sobre a dor para a acalmar; é o que pode fazer qualquer um, se trouxer a fé, o fervor, a vontade e a confiança em Deus". Diversos autores de grande gabarito, tais como Herculano Pires, André Luiz e Emmanuel também se manifestaram a respeito dessa inquestionável força magnética.

Considere, entretanto, que o passe é um remédio e ninguém faz uso de remédios sem necessidade. Quem age a semelhança de Batista pode condicionar-se estabelecendo uma relação de dependência exposta da seguinte maneira: Se vou ao centro espírita devo naturalmente tomar o passe. Não é bem assim. Se estou bem não existe razão para receber o benefício.

O mais importante, algo de que não podemos abrir mão é a força transformadora da filosofia espírita tão bem explicada nas obras da codificação. E a filosofia espírita conheceremos participando de cursos, estudos sobre as obras básicas e complementares, seminários e, também, prestando atenção nas palestras oferecidas pelas Casas Espíritas. Esse o tratamento eficaz e perene, capaz de modificar as posturas equivocadas que são, certamente, as fontes geradoras da inquietação e angustia humana.

Utilizemos o recurso do passe espírita quando precisarmos solucionar as dores do corpo e da alma, todavia será a aplicação da filosofia espírita em nosso roteiro de vida que nos permitirá viver com dignidade, gozando de boa saúde física e psíquica.

Pensemos nisso.

Wellington Balbo - Bauru - SP

Fonte: ismaelgobbo.blogspot.com

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Nós somos deuses?

Há alguns anos, numa palestra sobre doutrina espírita, ouvi o orador afirmar que “nós somos deuses”, suportando esta afirmação numa fonte indiscutível, Jesus, conforme o Evangelho de João, capítulo 10. Mais tarde, li esta mesma afirmação no livro “Devassando o invisível” de Yvonne Pereira.
Ora esta frase não me soava como como um humilde reconhecimento da nossa filiação divina mas antes como uma espécie de orgulhoso reconhecimento de que seríamos réplicas de Deus. Por outro lado, não me lembrava desta afirmação feita por Jesus, pelo menos com este sentido. Restava, em vez de permanecer na dúvida, fazer o que era óbvio e tentar estudar o assunto.
Em causa está uma frase de Jesus. Mas Jesus não só reporta essa frase ao Antigo Testamento, ao Livro dos Salmos e, em concreto, ao Salmo de Asaf, como se demarca dela ao afirmar «Não sois vós que dizeis?». De facto o que Jesus faz é lembrar aos judeus, que o confrontavam, as palavras da antiga lei que designava deuses aqueles a quem se dirigiu a palavra de Deus e, se assim era, como ousavam eles considerá-lo blasfemo por se afirmar “Filho de Deus”. O resultado do estudo do texto aqui fica e cada um que tire as suas próprias conclusões.
Os textos seguintes baseiam-se na 3ª edição de 1968 da Bíblia Sagrada da Difusora Bíblica e na edição de 2001 da Bíblia Sagrada, em CD-ROM, da Difusora Bíblica, tradução dos Franciscanos Capuchinhos, texto da 3ª edição revista sob a direcção de Herculano Alves e o comentário ao Salmo de Asaf foi retirado do sítio Estudos da Bíblia conforme referência anexa à transcrição.

Análise do contexto do versículo 34 do capítulo 10
do Evangelho de João

O nome de Livro dos Salmos, ou simplesmente Salmos, designa uma colecção de poemas ou cânticos religiosos. O nome deriva da palavra grega “Psalmoi” e esta é já utilizada na antiga tradução grega, chamada dos Setenta, para traduzir o termo hebraico “mizmorôt”, (cânticos). Este parece ter sido o seu nome hebraico mais antigo. No entanto, já nos textos de Qumrân e em alguns autores cristãos antigos aparece o nome que actualmente lhe é dado na Bíblia Hebraica: “Sepher Tehillim”, “Livro dos louvores”.
Embora as tradições hebraica e cristã atribuam a David a origem dos Salmos estes poemas religiosos foram compostos ao longo de muitos séculos e alguns deles poderão ter sido compostos não muito antes do tempo do Novo Testamento.
Estes hinos religiosos são herdeiros da poesia religiosa da tradição cananaica que os hebreus, em boa parte, aproveitaram. Houve certamente épocas privilegiadas na produção destes Salmos; a de David poderá ter sido uma delas.
O Livro dos Salmos engloba, na actual Bíblia Hebraica, um conjunto de 150 cânticos. Mas, na história antiga do texto bíblico, as numerações dos Salmos variaram bastante, sem que se modificasse o seu conteúdo literário. Na tradução grega dos Setenta, de onde transitou para as traduções latinas dela dependentes e ainda se encontra em antigas traduções portuguesas, os Salmos que se encontram entre o 9 e o 147 levam um número a menos.

Salmo 82 (81) REPREENSÃO AOS MAUS JUÍZES

É um salmo de súplica que termina por um pedido a Deus e está assente sobre uma imagem na qual Deus preside ao julgamento do universo, chefiando uma corte divina, segundo o imaginário das culturas de Canaã.
.
1Salmo de Asaf.
Deus preside à assembleia divina,
profere as suas sentenças no meio dos deuses: (a)
2«Até quando julgareis injustamente
e favorecereis a causa dos ímpios?
3Defendei o oprimido e o órfão;
fazei justiça ao humilde e ao pobre.
4Libertai o oprimido e o necessitado,
e defendei-os das mãos dos pecadores.»
5Não, eles não percebem nem compreendem;
caminham nas trevas; abalam-se os fundamentos da terra.
6Eu disse: «Vós sois deuses,
todos vós sois filhos do Altíssimo.
7Mas morrereis como qualquer mortal;
caireis como qualquer príncipe.»
8Levanta-te, ó Deus, para julgar a terra,
porque todas as nações te pertencem.
.
(a) Os deuses, aqui referidos, são os juízes, os que tinham a seu cargo o governo e a administração da justiça. São chamados deuses porque exercem uma função que é, primariamente, de Deus.

Evangelho de João 10, 22-39

A festa da Dedicação: Jesus declara-se Messias – 22Celebrava-se, então, em Jerusalém, a festa da Dedicação do templo. Era Inverno. 23e Jesus passeava pelo templo, debaixo do pórtico de Salomão. 24Rodearam-no, então, os judeus e começaram a perguntar-lhe: «Até quando nos deixarás na incerteza? Se és o Messias, di-lo claramente.» 25Jesus respondeu-lhes: «Já vo-lo disse, mas não credes. As obras que Eu faço em nome de meu Pai, essas dão testemunho a meu favor; 26mas vós não credes, porque não sois das minhas ovelhas. 27As minhas ovelhas escutam a minha voz: Eu conheço-as e elas seguem-me. 28Dou-lhes a vida eterna, e nem elas hão-de perecer jamais, nem ninguém as arrancará da minha mão. 29O que o meu Pai me deu vale mais que tudo e ninguém o pode arrancar da mão do Pai. 30Eu e o Pai somos Um.» 31Então, os judeus voltaram a pegar em pedras para o apedrejarem. 32Jesus replicou-lhes: «Mostrei-vos muitas obras boas da parte do Pai; por qual dessas obras me quereis apedrejar?» 33Responderam-lhe os judeus: «Não te queremos apedrejar por qualquer obra boa, mas por uma blasfémia: é que Tu, sendo um homem, a ti próprio te fazes Deus.» 34Jesus respondeu-lhes: «Não está escrito na vossa Lei: ‘Eu disse: vós sois deuses’? 35Se ela chamou deuses àqueles a quem se dirigiu a palavra de Deus - e a Escritura não se pode pôr em dúvida - 36a mim, a quem o Pai consagrou e enviou ao mundo, como é que dizeis: ‘Tu blasfemas’, por Eu ter dito: ‘Sou Filho de Deus’? 37Se não faço as obras do meu Pai, não acrediteis em mim; 38mas se as faço, embora não queirais acreditar em mim, acreditai nas obras, e assim vireis a saber e ficareis a compreender que o Pai está em mim e Eu no Pai.» 39Por isso procuravam de novo prendê-lo, mas Ele escapou-se-lhes das mãos.»

Nota sobre o Salmo 82 (81)

«Salmo 82 O Deus Justo Julga os Juízes
1 Deus estabelece o seu julgamento no meio dos juízes. A palavra hebraica “elohim” é traduzida frequentemente “Deus” ou “deuses”. A mesma palavra, porém, é usada, às vezes, para identificar criaturas que o serviam ou o representavam, como “juízes” (veja Êxodo 21:6; 22:8,9). Parece ser o significado neste Salmo. Compare esta mensagem com o Salmo 58
2-4 Ele repreende os juízes por sua injustiça. Era dever deles proteger as vítimas inocentes e castigar os malfeitores. Esses faziam ao contrário. Vários dos profetas condenavam os líderes corruptos de Israel e Judá, repetindo mensagens como essa (veja Isaías 1:23; Jeremias 5:28) 5 Os juízes que não governavam com rectidão se mostraram instáveis, ao invés de promoverem a estabilidade do povo (veja Provérbios 29:4) 6-7 Mesmo sendo homens escolhidos para representar o justo Juiz, eram apenas mortais. Jesus citou o versículo 6 para mostrar a injustiça dos judeus que queriam apedrejá-lo (João 10:34) 8 O Salmista termina com um pedido a Deus, o verdadeiro Juiz das nações» in Estudos Bíblicos http://www.estudosdabiblia.net/b08_15.htm

Em conclusão

Esta breve resenha pretende apenas chamar a atenção para o que me parece ser uma interpretação abusiva do texto em análise que conduz à inferência ou extrapolação de que “Nós somos deuses”. Somos, sem dúvida, centelha divina pois sendo filhos de Deus temos, em nós, essa centelha. Daí a sermos deuses, vai o passo que nos separa dos tempos do Antigo Testamento em que essa designação se aplicava a todos aqueles que ouviam, e seguiam, a palavra de Deus.
.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Fidelidade a Kardec


Por Deolindo Amorim (espírito)

Uma observação muito criteriosa de Allan Kardec, feita na Introdução de "O Livro dos Espíritos", portanto, vamos dizer assim, no frontispício da própria Doutrina, diz bem da seriedade com que devem os estudos espíritas ser realizados; refiro-me à assertiva de que, se para adquirir, um sábio, o conhecimento de uma ciência particular, precisa ele de, pelo menos, três quartos da vida, quanto não mais se carecerá para que se aprenda o Espiritismo, que diz respeito ao conhecimento da ciência da vida. Outra declaração de Kardec que não deve ser esquecida diz respeito à importância da revelação do mundo espiritual, cujas conseqüências são por si mesmas maiores e mais revolucionárias do que a descoberta dos microrganismos. Evidentemente, não se pode abeirar da Doutrina e procurar compreendê-la, num abrir e fechar de olhos, como se tratasse de um magazine, de história em quadrinhos, ou se se pudesse aprender seus princípios e deduzir suas conseqüências através de leitura dinâmica. Não pode ser assim. O universo que o Espiritismo toca, o conjunto de interesses que ele desperta, as dificuldades naturais provenientes da extensão dos conhecimentos e as relações que mantém com as ciências, tudo isto demonstra o vasto campo de observações que ele oferece ao estudioso, devendo, assim, despertar o interesse mesmo daqueles que não são espíritas, ou porque adotam outros princípios filosóficos e religiosos, ou porque ainda não se inclinaram definitivamente por nenhum deles.

Afinal de contas, a revelação espírita é bem uma revolução no campo das idéias, porque representa uma total mudança de perspectiva da própria vida, a descoberta de um mundo mais invisível do que o dos microrganismos, a afetar diretamente não só a compreensão do humano, que agora se torna também o espiritual, mas as próprias relações humanas que se revelam influenciadas, de um modo concreto, por um mundo novo até então considerado abstrato. Não há como negar. Sem dúvida a descoberta do Mundo Invisível impõe uma revolução integral das idéias, o que permite compreender a resistência que certos cientistas demonstraram na aceitação dos fenômenos espíritas, pois esta lhes custaria a derrubada do edifício materialista em que se acomodam: a história nos revela que se chegou ao cúmulo de sugerir-se a formação de um complô para negar a verdade, ainda que os fenômenos pesquisados viessem a mostrar-se autênticos durante as investigações.

Realmente, temos aí um mundo muito mais importante, mais revelador, mais revolucionário do que a descoberta das Américas em seu tempo ou as conquistas espaciais de hoje. Afinal, as viagens interplanetárias revelar-nos-ão outros mundos de matéria idêntica à nossa, ainda que de constituições diversas, enquanto o chamado Mundo Invisível leva-nos o pensamento e as pesquisas para dimensões insuspeitadas, abrindo um leque infinito, à nossa frente, de possibilidades de vida, das quais só paulatinamente o homem poderá ir tomando conhecimento.

É ou não é verdade que as conseqüências são muito maiores do que a descoberta dos microrganismos, apesar da importância que representou esta para a compreensão da vida e dos processos patológicos que se desenvolvem nos corpos físicos? Em face disto, somos levados evidentemente a admirar-nos de certo dogmatismo que, vez por outra, corre nas veias do movimento espírita como sangue estranho a envenenar-lhe a vida. Neófitos e mesmo companheiros que há muito tempo perlustram as avenidas da Doutrina, recolhem-se e encolhem-se em posições fechadas como se já se tivessem tornado senhores de todo o saber espírita e pudessem dizer a última palavra. À força de defenderem Kardec, acabam por ir de encontro à sua obra, porque se constitui em uma verdade indiscutível, que não pode ser negada, o horror do mestre lionês a todas as formas de dogmatismo. Ele não só colocava seu trabalho ao julgamento da crítica, ao lado de outros sistemas existentes ou que pudessem advir, mas destacava que a ortodoxia espírita jamais poderia formar-se em torno de um nome, e muito menos do seu que rejeitava o papel de fundador do Espiritismo, indicando o caminho certo da universalidade do ensino, sempre submetido ao controle da razão, e a possível modificação da Doutrina todas as vezes que a ciência demonstrasse o erro de quaisquer dos seus pontos. Deseja-se algo mais livre, mais aberto, mais isento de dogmatismo e de fanatismo?

Infelizmente, em muitas oportunidades, vemos adeptos da Doutrina, à custa de forcejarem na criação de uma ortodoxia, violentarem o próprio ensino do mestre, apesar de se apresentarem como seus defensores. Ora, nisto separam-se, em realidade, até das perspectivas do próprio movimento espírita que é coletivo desde sua origem; ou seja, Kardec não aceitou a mensagem de um só Espírito, por mais alta fosse sua gradação, para constituir a base doutrinária; preferiu um caminho mais difícil, porém mais seguro, interrogando Espíritos de variadas categorias, fazendo um trabalho de campo digno de um sociólogo. Não se limitou ele a saber o que pensavam os Espíritos mais esclarecidos, nem o que sentiam ou percebiam; investigou também junto, vamos dizer assim, às classes mais baixas da sociedade espiritual, para que pudesse obter um conhecimento de primeira mão acerca de particularidades a elas atinentes. Espíritos já bastante desmaterializados, que, pela sua elevação espiritual, não tinham contato diário com a Terra ou, para melhor dizer, com estas esferas mais próximas da Terra, não poderiam fornecer as informações por não sofrerem na pele, como se costuma dizer, as dificuldades; falariam de algo, de uma situação que não mais viviam, e, por isso, Kardec optou pelo conhecimento direto. Tal procedimento constitui-se em um fato muito importante, embora desconhecido ou ao menos descuidado da maioria dos espíritas, que o olvidam no estudo da Doutrina, embora Kardec o tivesse levado em conta na própria formulação de "O Livro dos Espíritos" que registra respostas das mais diversas procedências. Kardec não era pois um dogmático, e não podemos, em seu nome, ou em defesa do patrimônio espiritual que nos legou, tornarmo-nos dogmáticos, qualquer que seja a esfera de atuação em que estejamos, enfaixados ou desenfaixados do corpo físico.

Um ponto muito esquecido é o da relatividade dos Espíritos que geralmente se comunicam e o fato de possuírem muitas vezes opiniões contrárias umas ás outras; são opiniões pessoais que não desdoiram o Espiritismo, pois isto nos mostra que eles continuam pensando livremente e que, do lado de cá, também se respeitam as idéias ainda quando se mostrem errôneas - é o direito de livre opinião e de livre investigação. Não registrou Kardec divergências entre os espíritos que afirmavam a ligação da alma ao corpo no momento do nascimento e no momento da concepção, daqueles que defendiam as idéias fixistas ao contrário de outros francamente evoluvionistas, e também não registrou a existência de Espíritos que defendiam a teoria da incrustação planetária na formação da terra e a teoria da lua ovóide, etc., mostrando as diferenças existentes no mundo dos Espíritos? Não se mostrou ele contrário às teorias aceitas por Roustaing, resistindo mesmo às críticas acerbas que este lhe fez? Aí está como agiu realmente o mestre. Mas, apesar de tudo, não colocava a sua opinião acima das dos demais. Como esquecer estas coisas e criar uma ortodoxia que, a despeito de utilizar o nome de Kardec, é feita em torno do pensamento de um indivíduo ou de um grupo? Estarão estas pessoas recebendo as únicas comunicações realmente aceitáveis?

Há um outro ponto também muito esquecido. A Doutrina Espírita resultou dos estudos de Kardec, mas os ensinos coletados por ele sofreram inicialmente a verificação com o auxílio de mais de dez médiuns, em núcleos diferentes, foi ele quem o disse. Este cuidado do mestre visou evitar influências a que os médiuns estão submetidos pelo contato com os Espíritos que os dirigem - são as "colunas espirituais" de que nos falou ele em "O Livro dos Médiuns", capazes de, com sua influência, alterar, uma resposta dada, por um Espírito alheio à mesma; é que, como ensina André Luiz, a capacidade conceptual do médium resulta, também, do contato mais ou menos íntimo que possa ter com o seu mentor ou responsável pela tarefa mediúnica. Mas, como dizia, Kardec teve esse cuidado, e depois, no desenvolvimento da Doutrina, esteve em contato com um milhar de médiuns espalhados por todo o globo, recolhendo notícias do mundo espiritual provenientes das mais diversas partes, como nos dá ampla notícia nas páginas da Revista Espírita. São fatos que fazem parte da história do Espiritismo, mas cujo ensinamento não está ultrapassado, mesmo porque Kardec erigiu este controle através da universalidade do ensino como um dos métodos de investigação da ciência espírita. Apesar disto, no entanto, muitos companheiros atêm-se simplesmente ao que é produzido em seus centros, ou através de determinados médiuns, ou com aval de certas instituições, e geralmente só ao que se produz no território brasileiro. Tudo isto não contraria na prática o discurso teórico da universalidade que geralmente se ouve, bem como as lições de Kardec? Não é dele a advertência de que o Espiritismo subsistiria a todas as perseguições, porque não se poderia obstar a marcha do ensino dos Espíritos, que se manifestariam em outros pontos da face da Terra? Assim sendo, não é possível colocar de lado as comunicações mediúnicas que se obtém em diversas regiões do globo - nos Estados Unidos, na França, na Alemanha, na Itália, etc., sem que devamos esquecer o nosso vizinho, a Argentina, que sempre deu mostras de alta visão espiritual com pensadores de escol. O caráter universalista da Doutrina exige que ela se conserve universalista em seus fundamentos, pois, como assinalava Kardec, a formação de uma ortodoxia espírita só poderá provir da universalidade do ensino dos espíritos, e este critério foi erigido, na Introdução de "O Evangelho segundo o Espiritismo", em uma das garantias da própria Doutrina.

Do Livro "Espiritismo em Movimento" - pelo espírito Deolindo Amorim, psicografado por Elzio Ferreira de Souza - Círculus - 1999.
 
Fonte: Blog dos Espíritas

domingo, 7 de fevereiro de 2010

NOSSO LAR em filme






Ano de centenário de nascimento de Chico Xavier, maior expoente do espiritismo no Brasil, 2010 terá o lançamento de dois longa-metragens sobre ele nos cinemas.

Além da cinebiografia dirigida por Daniel Filho, que deve estrear em 2 de abril, os brasileiros verão em setembro o médium em "Nosso lar", adaptação do livro de mesmo nome psicografado por Xavier em 1944. Maior clássico da literatura espírita nacional, o romance - que acabou virando série - é contado sob o ponto de vista do espírito André Luiz, que, como um repórter, transmite suas impressões sobre o mundo espiritual pós-vida para Xavier. O G1 antecipa neste sábado um teaser do filme (veja vídeo ao lado).

Dirigido por Wagner de Assis ("A cartomante"), "Nosso lar" é rico em efeitos especiais. "O filme todo se passa em uma cidade espiritual chamada Nosso Lar, e o maior desafio foi a construção dessa cidade", explica a produtora do filme Iafa Britz. "Durante meses, nossa diretora de arte e um grupo de arquitetos se debruçaram sobre esse projeto, que é verdadeiramente arquitetônico. Depois, tudo foi recriado pelo pessoal dos efeitos especiais."

Para a fotografia e os efeitos especiais foram convocados profissionais internacionais, incluindo o diretor de fotografia Ueli Steiger (de "10.000 A.C", e "O dia depois de amanhã") e o supervisor de efeitos especiais Lev Kolobov, da empresa canadense Intelligent Creatures ("A caçada", "Babel" e "Watchmen"). No elenco, "Nosso lar" tem Renato Prieto, Othon Bastos, Ana Rosa, Werner Schunemann, Lu Grimaldi, Nicola Siri e Chica Xavier e Paulo Goulart - que também participa do longa de Daniel Filho.

Sobre a possibilidade de bater de frente com outra produção sobre Xavier nos cinemas neste ano, Britz afirma que "não tem concorrência". "Um filme é 'primo' do outro. 'Chico Xavier' sai em abril, e o nosso, em 3 de setembro. E são filmes muito diferentes. 'Chico' é baseado em uma biografia escrita por outro autor. 'Nosso lar' é uma adaptação de uma obra que foi escrita por ele, um livro que teve tiragem de 2 milhões de cópias e que, estatisticamente, foi lido por 16 milhões de pessoas", diz a produtora, envolvida no projeto desde 2005.

"Sabemos do potencial do filme e esperamos que ele atinja o público como um todo. Qualquer um pode gostar e se interessar por 'Nosso lar'. É uma história que pode ser contada não só para quem é espírita mas para qualquer um", conclui.

Nascido em 1910 no município de Pedro Leopoldo (MG) e morto em 2002 em Uberaba (MG), Xavier publicou mais de 400 livros em vida, todos eles, afirmava, psicografados através de conversas com espíritos. Estima-se que mais de 20 milhões de exemplares de sua obra já foram vendidos.

Fonte: globo.com

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

"UM OLHAR DO PARAÍSO"

Estreia 19 de fevereiro, no Brasil

A Paramount Pictures estreia o filme "Um Olhar do Paraíso" nos cinemas de todo o Brasil. A longa-metragem relata a história de uma menina que, depois de assassinada, ajuda o pai a desvendar o crime. O filme tem a produção executiva de Steven Spielberg. Poderá visualizar o trailler seguinte:
 

 
Para quando a sua exibição em Portugal ?

TÍTULOS EM DESTAQUE