quarta-feira, 17 de março de 2010

A riqueza material e o Homem espiritual

Se pudéssemos resumir a bíblia em três palavras possivelmente seriam elas: humildade, caridade e disciplina.
A humildade é a virtude dos que se colocam na posição de pequeno, da não vaidade e orgulho. Sabem de suas limitações, bem como de sua pequenez frente ao Universo. Já a caridade é a acção de fazer bem ao próximo sem esperar nada em troca. Não é o mesmo que o coronelismo político, ou os projectos de marketing social que muitas empresas adoptam. A caridade é ato de bondade, perdoando aqueles que nos ofenderam e esquecendo os bens que nós próprios fizemos aos outros. Por sua vez, a disciplina talvez seja a questão mais difícil, pois requer toda uma vida, ou até mais. Não é ato isolado, mas o aperfeiçoamento do Homem ao longo do tempo. É a briga dele consigo mesmo, com seus vícios, com suas imperfeições. Paulo de Tarso, São Francisco de Assis e Francisco Cândido Xavier são exemplos de homens que buscaram na disciplina pontos de apoio para a vida. Sabiam que os maiores inimigos, as grandes manchas de escuridão, estavam dentro do seu próprio ser. Por meio da disciplina vai se moldando o novo Homem, com menos arestas e livre de vícios e paixões inferiores, conseguindo passar assim pela famosa porta estreita das escrituras sagradas. É o superhomem de Nietzche, aquele que atravessa a ponte entre o animal e o ser civilizado. Humildade, caridade e disciplina são estes os pontos-chave da bíblia, bem como para a felicidade. Todavia, como fica a questão do dinheiro quando confrontado com estes itens?  Qual é a influência da pobreza e da riqueza sobre a humildade, a caridade e a disciplina do Homem? Qual das duas é mais atuante para fazer com que o Homem seja inimigo de seu ego, de sua vaidade e  orgulho?
Tanto a riqueza, quanto a pobreza são provações para o Homem. Numa há escassez, noutra abundância. Tanto uma, quanto a outra são situações dignas de trabalho, respeito e de aperfeiçoamento; lições preciosas para o acúmulo de experiência, conhecimento e para o despertar do verdadeiro amor. Apesar de ambos os caminhos serem tortuosos, a riqueza apresenta peculiaridades próprias, sendo tratada equivocadamente até mesmo como uma impossibilidade de se alcançar um estágio espiritual avançado. Todavia, tem-se isso devido as dificuldades inerentes ao caminho e não por causa dela.   Sem dúvida nenhuma, ser rico materialmente sem o devido preparo moral é como dar um carro veloz para uma criança dirigir. O estrago pode ser grande. Na riqueza a luta contra a vaidade, a sovinice e a preguiça são hercúleas.

Quem é vaidoso se mostra superior aos outros e se esquece da lição da humildade. Fora a bajulação desnecessária sofrida. A sovenice, por sua vez, não se importa com a caridade.  Já a preguiça não gosta da disciplina, pois esta requer trabalho, trabalho, trabalho.
Todavia, jamais nos esqueçamos que o dinheiro compra não apenas a mercadoria, mas também o remédio para o necessitado, a comida para o esfomeado e o tecto para o órfão desamparado. Por isso, a riqueza também pode ser encarada como uma dádiva, desde que bem empregada para ajudar ao próximo, lembrando que no final, receberemos conforme tenhamos dado.

Assim sendo, não sejamos radicais de acreditar que riqueza é sinal de desonestidade, ou que o dinheiro é algo ruim. Tal qual esmerado aluno que passa em avaliação árdua e complicada, grande é a recompensa daqueles que conseguem passar pela prova da riqueza material construindo o bem para o próximo sem sinais de superioridade, orgulho e preguiça, pois como diria Sêneca: ?é grande quem sabe ser pequeno na riqueza?.

por Paulo Hayashi Jr.

Fonte: Diário de Notícias, edição de 10/3/2010

domingo, 14 de março de 2010

BULLYING ESCOLAR - UMA VISÃO ESPÍRITA

Edgard Diaz de Abreu

Todas as crianças e adolescentes têm direito a escolas onde existam alegria,amizade, solidariedade e respeito às características individuais de cada um deles.

Aramis Antonio Lopes Neto

Neste artigo vamos abordar uma das formas de assedio moral, o bullying escolar, prática cada vez mais freqüente nas escolas, e que vem causando grandes transtornos nas vidas das vítimas desse processo.
     A prática de bullying começou a ser pesquisada há cerca de 10 anos na Europa, quando descobriram que essa forma de violência estava por trás de muitas tentativas de suicídios de adolescentes.
     Não temos a pretensão de esgotar o tema, mas apenas e sobretudo lançar um pouco de luz num assunto tão importante, e alertar para esta pratica tão desumana da nossa sociedade. Não resta dúvida que o mundo atual encontra-se enfermo, e a ética está abandonada por grande parte da população, resultando em comportamentos cuja tônica é o egoísmo. Trata-se de forma de exclusão escolar e por extensão social, perversa e cruel, já que, normalmente, colegas de escola freqüentam muitas vezes os mesmos lugares, tais como cursinhos de inglês, academias de ginástica, shopping centers, e festinhas; estando em contato certamente grande parte do dia, inclusive fora das escolas.
     Psicólogos têm me asseverado que o bullying tem ocorrido em vários escolas da rede particular do Rio de janeiro, estando inclusive mais presentes nas grandes escolas, pois em escolas pequenas, fica mais difícil de realizar a prática sem chamar a atenção dos professores e da direção da escola.
     Lembrando a pergunta 754 de “O Livro dos Espíritos” A crueldade não derivará da carência de senso moral?
     “Dize – da falta de desenvolvimento do senso moral; não digas da carência, porquanto o senso moral existe, como princípio, em todos os homens. É esse senso moral que dos seres cruéis fará mais tarde seres bons e humanos. Ele, pois, existe no selvagem, mas como o princípio do perfume no gérmen da flor que ainda não desabrochou.
     ”O que viria a ser o bullying escolar? Seria quando um grupo de colegas de uma mesma escola, freqüentemente da mesma turma, promove uma segregação, de forma repetitiva, tentando isolar um dos membros da turma, seja este membro rapaz ou moça, de forma que este fique isolado e sem ambiente na turma, o que gera muitas vezes na vítima, depressão, apatia, falta de motivação, baixa do rendimento escolar, falta de apetite e tendência ao isolamento (passa a não ter prazer em sair de casa ou a se relacionar com as pessoas) e vontade de trocar de escola.
     A motivação para essa conduta tem muitas causas, mas poderíamos relacionar algumas que nos parecem as mais freqüentes: busca de poder no grupo (necessidade de dominar), egoísmo, vaidade, sedução, insegurança, necessidade de chamar a atenção para si, segregação racial, segregação de classe social (aluno bolsista) etc.
     A forma de execução do bullying acontece de muitas maneiras, sendo freqüente entre os rapazes o uso da força física ou psicológica e da intimidação, e entre as moças a mentira, a fofoca, a maledicência, e a difamação; todas de forma orquestrada, ou seja, de comum acordo e planejadas pelo grupo agressor, para desacreditar a vítima, de forma progressiva, numa atitude de franca antipatia, muitas vezes ignorando a vítima nos ambientes que ela freqüenta, como se ela não existisse, levando essa vítima a um stress com os sintomas relacionados acima, demonstrando a que nível de perversão alguns adolescentes estão chegando.
     O levantamento realizado pela ABRAPIA, em 2002, envolvendo 5875 estudantes de 5ª a 8ª séries, das escolas públicas e privadas localizadas no município do Rio de Janeiro, revelou que 40,5% desses alunos admitiram ter estado diretamente envolvidos em atos de bullying, naquele ano, sendo 16,9% alvos, 10,9% alvos/autores e 12,7% autores de bullying.
     Estudos demonstraram que a média de idade de maior incidência entre os agressores, situa-se na casa dos 13 a 14 anos, estando presente entretanto com freqüência até os 19 anos. A grande maioria, ou seja, 69,3% dos jovens admitiram não saber as razões que levam à ocorrência de bullying.
     Muitas vezes os colegas percebem a situação, mas por medo se omitem, pois temem ser a próxima vítima.
     Não resta dúvida que este tipo de conduta retrata um grande apego às coisas materiais e, por extensão, afastamento da religião de uma forma geral, ou seja, estes alunos, na sua grande maioria, não possuem crença religiosa, estando movidos na luta pelas aquisições materiais principalmente, já que desconhecem a vida espiritual. Podemos notar neste processo o que já relatamos em artigo anterior, “Desafios na educação do Adolescente” (RIE Agosto 2006), que trata da falta de limites de uma grande parte dos adolescentes atualmente. São pessoas que não têm pudor, e fazem de tudo para conquistar seus objetivos, passando por cima de tudo e de todos, achando que os fins justificam os meios.
     Na pergunta 755 de “O Livro dos Espíritos” Kardec interroga os espíritos :“Como pode dar-se que no seio da mais adiantada civilização, se encontrem seres às vezes tão cruéis quanto os selvagens?"
     "Do mesmo modo que numa árvore carregada de bons frutos se encontram frutos estragados.
     São, se quiseres, selvagens que da civilização só tem a aparência, lobos extraviados em meio de cordeiros. Espíritos de ordem inferior e muito atrasados podem encarnar entre homens adiantados, na expectativa de também se adiantarem; contudo, se a prova for muito pesada, vai predominar a natureza primitiva.”
     Todos sabemos que a criança para o seu pleno desenvolvimento necessita sentir-se amada, valorizada, aceita, incentivada à auto-expressão e ao diálogo, incentivada à prática religiosa, principalmente na adolescência, porém a noção de limites precisa e deve ser estabelecida com firmeza e sobretudo com coerência. Mas observa-se, na sociedade atual, crianças as quais são criadas dentro de padrões de liberalidade excessiva, sem limites, sem noções de responsabilidade, sem disciplina, sem religião e muitas vezes sem amor; estas serão aquelas com maior tendência aos comportamentos agressivos, tais como o bullying, pois foram mal acostumadas e por isso esperam que todos façam as suas vontades e atendam sempre às suas ordens.
     É importante observar, que num mundo com tantas mazelas como o nosso, pode ser possível que, algumas vezes, os pais desses algozes, percebam o bullying praticado pelos filhos, mas façam vista grossa, por perceberem que a prática do filho pode estar rendendo-lhe algum tipo de vantagem, o que torna o ato mais desumano ainda, pois estaria presente a conivência paterna. Tal ato poderia ser facilmente explicado pela falta de ética e educação dos referidos pais, fato tão comum nos dias atuais.
     Devemos ressaltar que o apoio da família, neste momento, é fundamental, entretanto é necessário ter prudência, pois num primeiro momento o sentimento que predomina é o da retaliação, ou mesmo da vingança. Mas a Doutrina Espírita nos ensina que violência gera violência, ou que o ódio gera mais ódio ainda, lembrando a frase do Apóstolo Paulo de Tarso: “Tudo me é lícito, mas nem tudo me convém”.
     Devemos procurar os professores da turma em questão e colocar o ocorrido, de forma serena, mas com firmeza, numa tentativa de amenizar a situação, o que nem sempre é fácil, se não houver a participação de pais, professores e funcionários, em virtude dos traumas e das humilhações já vivenciadas,algumas vezes uma troca de turma numa mesma escola já pode ajudar. Podemos ainda incentivar o convívio com outros colegas, com os quais essas crianças não tinham convívio ainda, às vezes até por falta de oportunidade. Devemos ainda, caso a criança encontre-se deprimida, lançar mão da ajuda de um profissional, como um psicólogo, para ajudar na recuperação desta criança, facilitando assim sua reintegração na escola. Devemos ressaltar que trocar de escola pode não ser uma boa idéia, pois assim estaríamos dando o entendimento a criança, que toda vez que houver um problema em sua vida, é só mudar de lugar que tudo estará resolvido, ou seja, fugir do problema em vez de procurar resolvê-lo. Gostaríamos de lembrar como aprendemos na Doutrina Espírita, que nada acontece por acaso, e sendo assim tudo na vida encerra um ensinamento e, portanto, concorre para o nosso crescimento; dentro desta visão, as crianças que sofrem esta prática de assédio moral, podem estar passando por um processo de aprendizado, que as impeça de se comportarem desta forma com os outros no futuro, e ao mesmo tempo, podem estar sendo incentivadas à humildade (do latim HUMUS = terra fértil para a colheita) e a solidariedade, práticas das quais poderiam estar se afastando lentamente, em razão do mundo atual mostrar-se muito egoísta, cruel e algumas vezes prepotente, onde a imoralidade e a falta de ética, são coisas corriqueiras, assunto por nós já mais detalhado no artigo “A ética e o mundo atual” (RIE Agosto 2007).
     Lidar com as adversidades da vida requer vontade, fé, serenidade e coragem(cor = coração), lembrando ainda que: “ A vontade é a mola do mundo, mas o amor é a manivela”, e relembrando Joanna de Ângelis “  Só o amor transforma conhecimento em sabedoria”.
     E, para encerrar, como espíritas devemos estar sempre atentos para os atos de nossos filhos, para que não façam aos outros, o que não gostariam que lhes fizessem. Podemos nos basear no exemplo de Eurípedes Barsanulfo que, em sua escola Espírita em Sacramento, a primeira do Brasil, no início do século XX, dizia que não se satisfazia em criar cidadãos para a sociedade, mas que procurava criar filhos de Deus. A explicação é simples: filhos de Deus respeitam tudo que é criação de Deus, são, portanto, éticos e ecologicamente corretos, pois são incapazes de destruir o que Deus criou, respeitando assim a natureza e os seus semelhantes.


Bibliografia:

1 – http://www.bullying .com.br/
2 - http://www.abrapia. org.br/ (site da Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção à Infância e à Adolescência) .
3 – “O Livro dos Espíritos”, Allan kardec, perg. 754 e 755,

Fonte: http://espiriteiro.blogspot.com/2010/03/bullying-escolar-uma-visao-espirita.html

sexta-feira, 12 de março de 2010

A CARIDADE DA LÍNGUA

Conta Allan Kardec, em O Livro dos Médiuns, item 252, que duas irmãs sofriam, há anos, depredações desagradáveis em seu lar:

Suas roupas eram incessantemente espalhadas por todos os cantos da casa e até pelos telhados, cortadas, rasgadas e crivadas de buracos, por mais cuidado que tivessem em guardá-las à chave.

Descartada a possibilidade de que estavam às voltas com brincadeira de mau gosto, procuraram o Codificador que, em reunião mediúnica, mediante evocação, conversou com o Espírito que estava promovendo aqueles distúrbios.

Era agressivo e inacessível a qualquer orientação passível de mudar seu comportamento.

Um mentor espiritual consultado transmitiu surpreendente orientação:

O que essas senhoras têm de melhor a fazer é rogar aos Espíritos seus protetores que não as abandonem.

Nenhum conselho melhor lhes posso dar do que o de dizer-lhes que desçam ao fundo de suas consciências, para se confessarem a si mesmas e verificarem se sempre praticaram o amor ao próximo e a caridade.

Não falo da caridade que consiste em dar e distribuir, mas a caridade da língua; pois, infelizmente, elas não sabem conter as suas e não demonstram, por atos de piedade, o desejo de se livrarem daquele que as atormenta.

Gostam muito de maldizer o próximo, e o Espírito que as obsidia toma sua desforra, porquanto, em vida, foi para elas um burro de carga.

Pesquisem na memória e logo descobrirão quem ele é.

Entretanto, se conseguirem melhorar-se, seus anjos guardiães se aproximarão e a simples presença deles bastará para afastar o mau Espírito, que não se agarrou a uma delas em particular, senão porque o seu anjo guardião teve que se afastar, por efeito de atos repreensíveis, ou maus pensamentos.

O que precisam é fazer preces fervorosas pelos que sofrem e, principalmente, praticar as virtudes impostas por Deus a cada um, de acordo com sua condição.

Incrível, leitor amigo!

As duas irmãs estavam sofrendo a ação de um Espírito perturbador, porque... eram fofoqueiras!

Tomada à conta de simples abobrinha, na horta fértil da inconsequência, falar mal da vida alheia baixa o padrão vibratório e nos coloca em sintonia com Espíritos perturbados e perturbadores.

Particularmente médiuns dotados de maior sensibilidade psíquica fariam bem em cuidar da língua, contendo-a nos limites da sobriedade, fugindo da maledicência como o diabo da cruz.

A fofoca é uma autoafirmação às avessas, bem própria da inferioridade humana.

Em vez de o indivíduo afirmar-se pelos seus valores, pretende fazê-lo por suposta ausência deles no próximo.

É o derrubar o outro para ficar por cima.

Posição indesejável.

Satisfaz o homem perecível, mas compromete o Espírito imortal, abrindo a guarda, ante o assédio espiritual inferior.

Conheci um médium que, no ambiente profissional, sempre que se formavam as tradicionais rodinhas para tricotar levianamente sobre reputações alheias, afastava-se imediatamente.

Indagado a respeito, explicava:

– Minha defesa é sustentar um padrão vibratório elevado, na base do orai e vigiai, recomendado por Jesus. Se vacilo, baixo a guarda e fico sujeito a influências perturbadoras.

Parece exagero, mas faz sentido.

Apreciações críticas na base de fofocas, depreciando o comportamento alheio, favorecem a sintonia com as sombras.

Oportuno lembrar com Jesus que será sempre conveniente refletir sobre nossas próprias mazelas, combatendo-as, em vez de estar apreciando mazelas de nosso semelhante, sob a ótica da hipocrisia, conforme sua contundente afirmação (Mateus, 7:1-5):

Não julgueis, para que não sejais julgados.

Pois com o juízo com que julgardes sereis julgados, e com a medida com que tiverdes medido, hão de vos medir.

Por que reparas no cisco que está no olho do teu irmão, mas não percebes a trave que está no teu?

Ou como dirás a teu irmão: Deixa-me tirar o cisco do teu olho, estando uma trave no teu?

Hipócrita, tira primeiro a trave do teu olho, e então verás claramente para tirar o cisco do olho do teu irmão.

Um bom tema, leitor amigo, a merecer nossa atenção, antes de pedirmos socorro aos bons Espíritos quando surjam perturbações.

Não terão algo a ver com as incontinências da língua?

Richard Simoneti

Fonte: http://marcoaureliorocha5.blogspot.com/2010/02/caridade-da-lingua.html

quarta-feira, 10 de março de 2010

Jesus e as crianças

Na passada sexta-feira decorreu no Centro de Cultura Espírita, no Bairro das Morenas, nas Caldas da Rainha, uma conferência subordinada ao tema “Jesus e as crianças”.
Hugo Guinote, membro da Associação Espírita Eurípedes Barsanulfo, em Porto Salvo, Oeiras, foi o conferencista convidado, tendo aproveitado para lançar o seu 1º livro espírita para crianças, intitulado “Fábulas para ensinar, aprendendo-volume I”.
Hugo Guinote é espírita, colabora na evangelização e é conferencista da Associação acima referida, em Oeiras.
Profissionalmente é oficial da PSP, com o posto de Comissário, licenciado em Ciências Policiais e Pós-Graduado em Estratégia, estando colocado no Instituto Superior de Ciências Policiais e Segurança Interna, exercendo as funções de director de estágio do Curso de Mestrado em Ciências Policiais, sendo ainda director de área científica e docente de “Estratégia e Táctica das Forças de Segurança”, e um dos dinamizadores do Policiamento de Proximidade a nível nacional.
Na sua conferência, Hugo Guinote pegou na mensagem de Jesus, explicando-a aos presentes de uma forma lógica, simples e actual, à luz do entendimento da Doutrina Espírita.
Numa segunda parte, fez uma abordagem pedagógica de como lidar com as crianças, dentro da assertiva espírita e cristã, explicando as responsabilidades dos pais na educação moral, quem são as crianças que estão neste momento na Terra, e como lidar com elas e com a espiritualidade, sendo que o exemplo dos adultos será sempre a pedra de toque que marcará o seu futuro.
Com a sala do centro completamente cheia, Hugo Guinote teve ainda o ensejo de explicar aos presentes a génese do seu livro infantil, que contém 7 fábulas, todas elas contendo passagens do Evangelho, de modo a passar mais facilmente às crianças a mensagem de Jesus de Nazaré.
Na parte final, os presentes puderam adquirir o livro e recolher autógrafo do autor e editor.

José Lucas

Fonte: Jornal das Caldas

segunda-feira, 8 de março de 2010

IDADES


Cada pessoa tem uma idade física e uma idade espiritual. Por exemplo, uma pessoa pode ter 30 anos de idade física. No entanto, sabemos que, como espírito, ela pode ter trilhões de anos, pois já pré-existia antes do nascimento físico.
Logo, um bebê é um ex-adulto com trilhões de anos de evolução e alguns meses de idade física. Já um velhinho é uma ex-criança com vários anos de idade física, que está na iminência de ser, novamente, a criança-adulto-espírito de trilhões de anos espirituais, quando a morte o chamar de volta à cronologia cósmica.
E, assim, o velho ex-criança e a criança ex-adulto movem-se no ritmo da reencarnação, sob a batuta do Criador, que as crianças chamam de "Papai do Céu", e os velhinhos chamam de Deus, Alá, Brahma, Jeová, Tupã e outros.
Já no plano espiritual, o Criador é chamado de "Velho-Criança"; velho porque é a sabedoria eterna; criança porque é a esperança renovada a cada experiência e tem sempre alguma novidade para oferecer aos espíritos em evolução. E, sobretudo, porque tem sempre o sorriso terno da criança e maturidade do ancião em cada olhar.
IDADES II
Existe uma velhice que ninguém nota.
E não tem nada a ver com a idade do corpo.
É um estado de consciência!
Quando permitimos pensamentos velhos e bolorentos em nossa mente, envelhecemos realmente...
E, quando deixamos as emoções estranhas tomarem conta de nossas vidas, destruímos o nosso equilíbrio e detonamos o coração.
Sim, nós envelhecemos por dentro, quando esquecemos o que somos verdadeiramente.
E nossos semblantes ficam carregados, independente da idade do corpo.
Por isso, há jovens com expressões envelhecidas; e anciões com expressão criativa e divertida, olhando a vida como crianças.
Ah, nós envelhecemos muito quando ficamos tristes e distantes de nós mesmos.
Então, precisamos mergulhar bem fundo em nós mesmos, para reconhecermos a Luz do Eterno que habita em nossos corações.
Somos consciências espirituais! Sempre fomos; sempre seremos...
Somos centelhas vivas de um Grande Amor.
No momento, estamos integrados a um corpo de argila, que nos foi emprestado pela Mãe Terra, para o nosso aprendizado e evolução.
Mas não temos idade alguma; porque somos imperecíveis e apenas entramos e saímos dos corpos transitórios.
Não nascemos, nem morremos; só entramos e saímos dos corpos que são pedacinhos vivos da Mãe Terra, que d'Ela surgem, e a Ela retornam, em seus ciclos vitais.
E nós também envelhecemos quando não tratamos bem o envoltório de argila que Ela nos empresta com tanto carinho.
E também quando agimos com ingratidão...
Ah, nós envelhecemos quando não respeitamos aos outros, à Mãe Terra, e a nós mesmos. E isso não tem nada a ver com a idade do corpo, mas com aquilo que acalentamos dentro de nossos corações.
Nós somos mais do que imaginamos. Somos a luz das estrelas na carne; descemos do Céu para dar brilho ao corpo de argila e deixarmos pegadas luminosas na pele da Mãe Terra.
Viemos de tão longe... Então, por que, às vezes, agimos de forma tão estranha e ficamos envelhecidos por dentro?
Ah, por que nos esquecemos da luz que habita em nossos corações?
Nós viemos de um Grande Amor... Então, vamos renovar nossos sonhos e disposições, que não têm idade alguma.
Cada dia é uma bênção, e fonte de eterno recomeço...
Não somos machos ou fêmeas, altos ou baixos, nem jovens ou velhos.
Somos o Eterno; o Infinito; e viemos de tão longe...
Sim, viemos trazer a luz estelar para a Mãe Terra.
Enquanto Ela nos empresta o corpo, nós lhe trazemos o brilho universal, porque somos espíritos. Somos centelhas vivas do Supremo!
Quando rimos, renovamos a expressão do rosto; e, quando amamos realmente, sem ilusões ou tolices, nossos olhos se tornam pequenos sóis.
Ah, nós somos mais do que pensamos. E viemos de tão longe...
Então, que nossos pensamentos e sentimentos sejam sempre luminosos.
Nós estamos aqui por um motivo. Mas jamais descobriremos isso pelas vias da mente racional.
Nem com o passar dos anos na carne; e nem com todo conhecimento do mundo.
Porém, uma parte de nós sabe e compreende o mistério.
Sim, aquela parte que habita em nossos corações. Aquela que é a verdadeira essência espiritual. Aquela luz, que veio de tão longe... Lá do Infinito Celeste.
Por causa de um Grande Amor, que não tem idade alguma.
Essa luz somos nós mesmos. Então, vamos assumi-la. Vamos ser felizes, aqui e agora.
Ah, viemos de tão longe... Então, vamos fazer valer à pena.
Com Amor e Gratidão.
Paz e Luz.
Wagner Borges

segunda-feira, 1 de março de 2010

Nós cremos

NÓS CREMOS

Assim se inicia o artigo 2 do capítulo terceiro do catecismo da Igreja Católica

Sem dúvida que, dito no plural é a fé da Igreja, tida como comunidade unida no mesmo ideal religioso, mas pode aplicar-se de forma mais abrangente, a todas as comunidades cuja fé se alicerça na esperança de um dia atingir a perfeição espiritual e para cujo objectivo trabalhamos todas as vidas.
Sim; em comunidade porque a fé é um acto pessoal enquanto resultado da expressão do livre arbítrio mas não é um acto isolado pois ninguém vive só e ninguém se deu a fé.
A fé é-nos "mostrada" e é nosso mister transmiti-la.
Somos asim um elo na cadeia de crentes.
Mas acreditamos em quê?
No livro "Conversas com... princípio meio e fim" edições Paulistas, pode ler-se:
"A maioria dos pensadores modernos considera a fé como o acto de uma inteligência que toma consciência dos seus limites e, por isso, deixa o resto a cargo de um misterioso poder superior, que regeria o mundo e a sua própria existência.
...
Dá a impressão de que é necessário calar a voz da razão para se poder acreditar."
Pois bem; em primeiro lugar, penso eu, há que acreditar que a criação tem um objectivo e este é a glória de Deus e esta é o estado de perfeição que alcançaremos.
Deus cria o mundo a partir da sua própria vontade e por amor quis fazer as criaturas participantes do seu ser, da sua sabedoria e da sua bondade.
Mas não é só isto. A fé não consiste apenas em acreditar que Deus existe. Os apóstolos não tinham dúvidas nesse aspecto e Jesus exigia-lhes mais e censurava-lhes a falta de fé.
A fé tem de ser racional e só o conhecimento contribui para associar a fé à razão
A fé é a constante procura de conhecimento que leve ao esclarecimento pois um dos atributos da fé é a dúvida.
Disse Bernanos"a fé são vinte e quatro horas de dúvida menos um minuto de esperança" e Miguel de Unamuno afirmou que uma fé sem dúvidas é uma fé morta.
Portanto, a busca tem de ser constante.
E todos passaremos por sentir esta necessidade; o nosso momento vai chegar,porque a fé é de todos sem excepção, mas o momento de fazermos eco depende do nosso estado de crescimento espiritual.
É a parábola do semeador:
- ou estamos à beira do caminho
- o estamos em sítios pedregosos
- ou estamos em sítios com espinhos
- ou finalmente estamos no local certo e de coração aberto e constituimos a boa terra para que a semente germine

Guilherme

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