sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Natal


«Natal quer dizer nascimento. Nascer. É tradição chamar-se Natal ao dia 25 de Dezembro porque nesse dia nasceu Jesus Cristo. Para uns é o filho de Deus, para outros é apenas um homem mas, de qualquer maneira, um homem bom. Por isso, quando nasce um menino é sempre Natal. Quanto tu nasceste também foi Natal e foram os teus pais que o fizeram.»
In “Operários do Natal”, textos de Ary dos Santos e Joaquim Pessoa.
Estamos, então, a celebrar um nascimento. Não me recordo quem é o autor da frase que diz que «Cada criança que nasce, traz consigo a mensagem de que Deus ainda não perdeu a esperança no homem» porque cada nova vida é uma aventura que embora escrita nas esferas superiores não está ainda escrita por nós. Cada decisão que tomamos, a cada momento, altera o futuro. O futuro é e será a consequência do que estamos a fazer neste momento. Se optarmos por uma via, ela conduzir-nos-á a um caminho; se optarmos por outra via, o resultado pode ser idêntico, mas nunca será igual.
Diz-se em “O livro dos Espíritos”: «As predisposições instintivas são as do Espírito antes de encarnar. Conforme seja este mais ou menos adiantado, elas podem arrastá-lo à prática de actos repreensíveis, no que será secundado pelos Espíritos que simpatizam com essas disposições. Não há, porém, arrastamento irresistível, uma vez que se tenha a vontade de resistir. Lembrai-vos de que querer é poder.»
Quando no Novo Testamento se diz: «Não te admires de Eu te ter dito: Tendes de nascer de novo. O vento sopra onde quer, e ouves a sua voz; mas não sabes donde vem, nem para onde vai; assim é todo aquele que é nascido do Espírito» (Jo 3, 7-8) estamos a ser informados que as nossas acções conduzirão, a cada momento, a diferentes caminhos de acordo com as nossa opções, a caminhos que não sabemos de onde vêm nem para onde vão.
Significa isso que devemos cruzar os braços, sentarmo-nos a um canto e esperar que a crise passe?
Em quase todas as doutrinas se chama a atenção para os perigos a que nos sujeitamos todos os que nos limitamos a falar, sem agir. Em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, encontramos o seguinte: «Sendo livre o homem de agir num sentido ou noutro, os seus actos acarretam-lhe, e aos demais, consequências subordinadas ao que ele faz ou não. Há, pois, devidos à sua iniciativa, sucessos que forçosamente escapam à fatalidade e que não quebram a harmonia das leis universais, do mesmo modo que o avanço ou o atraso do ponteiro de um relógio não anula a lei do movimento sobre a qual se funda o mecanismo.»
As provas por que passamos não têm por fim «dar a Deus esclarecimentos sobre o homem, pois que Deus sabe perfeitamente o que ele vale, mas dar ao homem toda a responsabilidade de sua acção, uma vez que tem a liberdade de fazer ou não fazer.» (O Livro dos Espíritos)
Nós estamos a experienciar uma nova vida. O que está em causa é o que nós formos capazes de fazer com ela. De cada vez que definimos novas metas para a nossa vida, novos objectivos, estamos a dar um novo impulso ao nosso querer mas raramente assumimos com toda a nossa energia esse querer. Em “O Evangelho Segundo o Espiritismo” somos esclarecidos que, além do Anjo guardião, temos Espíritos protectores que, embora menos elevados, não são menos bons e magnânimos. Mas que temos também Espíritos sedutores que se esforçam por nos afastar das veredas do bem, sugerindo-nos maus pensamentos. Aproveitam-se de todas as nossas fraquezas, como de outras tantas portas abertas, que lhes facultam acesso à nossa alma. Alguns há que se nos aferram, como a uma presa, mas que se afastam, ao reconhecerem-se impotentes para lutar contra a nossa vontade.
Porque não aproveitamos este Natal para nos elevarmos acima de nós próprios, aperfeiçoando a nossa moral? Porque não nos renascemos no objectivo de que cada uma das nossas obras, por mais insignificante que a consideremos, concorre efectivamente para a plenitude do centro divino do Universo?

Natal quer dizer isto mesmo: Nascimento !


Texto de reflexão lido na 3ª feira, dia 22 de Dezembro de 2009, na reunião da AELA

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