sexta-feira, 9 de abril de 2010

Primeiras impressões são fiáveis?


Devemos ou não confiar nas primeiras impressões? A questão foi lançada, ontem, quinta-feira, no simpósio "Aquém e além do cérebro" pelo neurocientista belga Axel Cleeremans. A resposta é que sim. Mas só em relação a matérias de que somos especialistas.

Este ano subordinado ao tema "Intuição e decisão", o simpósio dissecou, no primeiro dia, a questão do ponto de vista das neurociências. No âmbito do projecto europeu "Measuring consciousness - bridging the mind brain gap", Cleeremans, da Universidade Livre de Bruxelas avaliou a importância de processos inconscientes na tomada de resoluções.

Quando vemos algo ou alguém pela primeira vez, começamos logo a avaliar um conjunto de dimensões. As impressões que formamos sobre alguns aspectos - como a atracção, por exemplo - é imediata. Quando temos de tomar decisões, recorremos às primeiras impressões que decorrem da experiência acumulada.
Isso não significa que sejam obrigatoriamente correctas. Por vezes, baseamo-nos em estereótipos, preconceitos ou até em experiências prévias que foram arquivadas (memorizadas) de forma errada e decidimos da pior forma possível, sublinhou o especialista ao JN.

As experiências de Cleeremans concluíram que, quando estão alertadas para a necessidade de tomarem uma decisão, as pessoas fazem-no de forma mais correcta, porque prestam atenção a todos os detalhes, e que as primeiras impressões só são confiáveis quando se trata de assuntos de que se tem vasto conhecimento. Nesta perspectiva, a intuição não é mais do que a "aplicação do conhecimento", sem que seja necessário percorrer todos os passos do processo analítico para se chegar à melhor conclusão.

Entre os múltiplos factores que interferem numa deliberação conta-se também o stress. O trabalho de Nuno Sousa, investigador da Universidade do Minho, demonstrou que, quando sujeitos a stress crónico, as cobaias agem de acordo com o padrão mais habitual de comportamento e não segundo objectivos. Este estudo, agora em fase de testes humanos, demonstra que o stress pode ser predictor de más decisões.

Fonte: JN, de 9 de Abril de 2010

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