domingo, 4 de julho de 2010

A doutrinação e seus métodos – parte 2

Diz-nos Edgard Armond que as sessões de doutrinação de Espíritos objectivam esclarecer entidades desencarnadas a respeito de sua própria situação espiritual, orientando-as no sentido do seu despertar no plano invisível e o seu subsequente equilíbrio e progresso espirituais. Para facilitar o seu despertar ou o seu esclarecimento, Espíritos jungidos ao habitat terrestre por força da lei de afinidade são trazidos às sessões de doutrinação e aí ligados momentaneamente a médiuns de incorporação, com o que, no contacto com os fluidos benéficos da corrente aí formada, acrescidos dos ensinamentos recebidos do doutrinador encarnado, logram quase sempre despertar e retomar o caminho do aperfeiçoamento espiritual.
Doutrinar Espíritos não é, porém, tarefa fácil. Segundo observa André Luiz, a pessoa envolvida nessa tarefa não pode esquecer que a Espiritualidade Superior confia nela e dela aguarda o cultivo de determinados atributos como os que se seguem: a) direcção e discernimento; b) bondade e energia; c) autoridade fundamentada no exemplo; d) hábito de estudo e oração; e) dignidade e respeito para com todos; f) afeição sem privilégios; g) brandura e firmeza; h) sinceridade e entendimento; i) conversação construtiva.
A doutrinação, informa Herculano Pires, existe em todos os planos, mas o trabalho mais rude e pesado é o que se processa em nosso mundo. Orgulhoso e inútil, e até mesmo prejudicial, será o doutrinador que se julgar capaz de doutrinar por si mesmo. Só pode realmente doutrinar Espíritos quem tiver amor e humildade. Dito isto, Herculano Pires observa que, muitas vezes, a doutrinação exige atitudes enérgicas, não ofensivas nem agressivas, mas firmes e imperiosas. É o momento em que o doutrinador trata o obsessor com autoridade moral, a única autoridade que podemos ter sobre os Espíritos inferiores, que sentem a nossa autoridade e a ela se submetem em virtude da força moral de que dispusermos. Essa autoridade, no entanto, só conseguimos adquirir por meio de uma vivência digna no mundo, sendo sempre correctos em nossas intenções e em nossos actos, em todos os sentidos, porquanto as nossas falhas morais não combatidas, não controladas, diminuem a nossa autoridade sobre os obsessores.
Como a doutrinação não objectiva somente Espíritos sofredores, mas igualmente Espíritos ignorantes que ainda permanecem em esferas de embrutecimento, e Espíritos maldosos que se devotam ao mal conscientemente, bem variado deve ser o modo de doutrinar uns e outros.
Há, entretanto, determinadas regras que não podem deixar de ser aplicadas nessa tarefa:
a) receber com atenção e interesse as comunicações; c) envolver o comunicante num clima de vibrações fraternais, dando oportunidade para que ele fale; d) estabelecer em tempo oportuno um diálogo amigo e esclarecedor; e) evitar acusações e desafios desnecessários; f) confortar e amparar através do esclarecimento; g) não discutir com exaltação tentando impor seu ponto de vista; h) não receber a todos como se fossem embusteiros e agentes do mal; i) ser preciso e enérgico na hora necessária, sem ser cruel e agressivo; j) evitar o tom de discurso e também as longas prelecções l) ser claro, objectivo, honesto, amigo, fraterno, buscando dar ao comunicante aquilo que gostaria de receber se no lugar dele estivesse.
André Luiz recomenda, a dirigentes e esclarecedores e a todos os que participam das reuniões mediúnicas, que tenham sempre em mente os 13 seguintes princípios:
2. Esclarecimento aos desencarnados sofredores assemelha-se à psicoterapia e a reunião é tratamento em grupo, na qual, sempre que possível, deverão ser aplicados os métodos evangélicos. 3. A parte essencial ao entendimento é atingir o centro de interesse do Espírito preso a ideias fixas, para que se lhes descongestione o campo mental… 5. Cada Espírito sofredor deve ser recebido como se fosse um familiar nosso extremamente querido; agindo assim, acertaremos com a porta íntima através da qual lhe falaremos ao coração. 8. É preciso anular qualquer intento de discussão ou desafio com os Espíritos comunicantes, dando mesmo razão, algumas vezes, aos manifestantes infelizes e obsessores. 9. Nem sempre a desobsessão real consiste em desfazer o processo obsessivo de imediato, porquanto em diversos casos a separação de obsidiado e obsessor deve ser praticada lentamente 11. Não se deve constranger os médiuns psicofónicos a receberem os desencarnados presentes, atentos ao preceito da espontaneidade, factor essencial ao êxito do intercâmbio. 13. Se o manifestante perturbado se fixar no braseiro da revolta ou na sombra da queixa, indiferente ou recalcitrante, o esclarecedor deve solicitar a cooperação dos benfeitores espirituais presentes para que o necessitado rebelde seja confiado à assistência espiritual especializada.

Excertos dum texto de Astolfo Olegário de Oliveira Filho (1) e debatido na reunião da AELA, na 3ª feira, dia 22 de Junho de 2010
(1) Director da revista semanal electrónica “O Consolador”(*) e editor do jornal mensal “O Imortal”(*)
(*)Brasil

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