quinta-feira, 22 de julho de 2010

A QUEM PERTENCE o muro ?

Conta-se por ai que havia um grande muro separando dois grandes grupos.  De um lado do muro estavam Deus, os anjos e os servos leais de Deus. Do outro lado do muro estavam Satanás, seus demônios e todos os humanos que não servem a Deus. E em cima do muro havia um jovem indeciso, que havia sido criado num lar cristão, mas que agora estava em dúvida se continuaria servindo a Deus ou se deveria aproveitar um pouco os prazeres do mundo. O jovem indeciso observou que o grupo do lado de Deus chamava e gritava sem parar para ele:

- Ei, desce do muro agora... Vem pra cá!".

 Já o grupo de Satanás não gritava e nem dizia nada. Essa situação continuou por um tempo, até que o jovem indeciso resolveu perguntar a Satanás:

- O grupo do lado de Deus fica o tempo todo me chamando para descer e ficar do lado deles. Por que você e seu grupo não me chamam e nem dizem nada para me convencer a descer para o lado de vocês?

 Grande foi a surpresa do jovem quando Satanás respondeu:
- Ora, para que chamá-lo se o muro é meu?.

(Autor Desconhecido)

Esta pequena alegoria de origem nitidamente religiosa, nos motiva a interessantes reflexões. Nós, espíritas, sabemos que Satanás só existe enquanto personificação representativa do Mal, uma vez que Deus jamais criaria seres “perfeitos” mas que eram imperfeitos a ponto de involuirem do Bem para o Mal.

Partindo desta pequena ressalva, podemos nos perguntar porque o muro pertence ao Mal? O que simboliza o muro? Fácil é perceber que o muro representa a posição neutra e confortável daquele que nada faz, que não escolhe lado, que opta pela omissão, pela inatividade, acha que não fazer o mal é um bem, ledo engano pois ainda que não se faça o mal, quem está sobre o muro também não faz o bem, e quem não faz o bem ajuda o mal a disseminar-se.

As pessoas estão cada vez mais perdidas em seus valores fundamentais. Há completa inversão da noção do certo e do errado, uma tendência maior a querer satisfazer as opiniões da sociedade em detrimento da própria consciência. Opta-se mais pela fama, pela aparência, pela riqueza, pelo poder, do que pela moral ilibada e uma ética incoercível. A Terra, porém, em seu processo de evolução para mundo de Regeneração, não mais comporta omissões, exige-nos a tomada de decisão, já não há mais muro para sentar e assistir de camarote o que acontece.

Na obra O Céu e o Inferno, livro básico da Codificação Espírita, os Espíritos explicam o Código Penal da Vida Futura. Vejamos seu item 6º, que diz:

"O bem e o mal que fazemos decorrem das qualidades que possuímos. Não fazer o bem quando podemos é, portanto, o resultado de uma imperfeição. Se toda imperfeição é fonte de sofrimento, o Espírito deve sofrer não somente pelo mal que fez como pelo bem que deixou de fazer na vida terrestre".

Somos, portanto, responsáveis pelo Bem que fazemos, pelo Mal que fazemos, e pelo Mal que decorre do Bem que não fizemos mas poderíamos ter feito.

Não é de uma perspicácia e bondade divinas incrível!? Deus dá-nos méritos por todo o Bem que fazemos! E a Lei de Ação e Reação, a mesma que premia os esforços individuais, é a que se torna nossa educadora quanto às imperfeições que carregamos, a partir do momento em que nossos atos prejudicam o próximo, direta ou indiretamente.

Quando falamos sobre a contradição de permanecer em cima do muro da omissão, criticando quem faz o mal, criticando quem erra procurando acertar, é porque a inatividade, o comodismo, a reclamação contumaz são armas das trevas, instrumentos de espíritos atrasados moralmente, encarnados ou não, a quem convém fazer estagnar no ócio e no prazer destrutivo de regozijar-se com o erro alheio.

Somos espíritas, somos cristãos, sabemos que é impossível amar sentados, de mãos ociosas, assistindo como fosse obra de ficção, a quem sofre ao nosso lado. Pois bem, desçamos logo do muro, antes que a dor, educadora da alma rebelde, nos alcance.


Fraternais abraços!
Vania Mugnato de Vasconcelos

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