quarta-feira, 28 de julho de 2010

Curadores Espirituais: Os agentes do alto!

:: Wagner Borges :: 

Os melhores curadores são discretos em seu trabalho.
Eles calam o ego e deixam o coração fluir o amor sereno...
O toque de suas mãos é gentil e generoso.
Eles têm mãos de Luz!

Pelo alto de suas cabeças desce a sabedoria celeste.
Ao mesmo tempo, a vitalidade da terra beija seus pés.
Enquanto isso, as pétalas dos lótus de seus corações se abrem...
E eles se tornam templos vivos da Luz que cura!

Eles são tranquilos e conscientes de suas tarefas.
Eles sabem que é a luz do amor que cura, não eles.
São naturalmente contentes, e os seres divinos velam por eles.
Eles são Paz perene! 

Não carregam posturas arrogantes; são simples e alegres.
São muito gratos ao Grande Espírito, o Grande Curador.
Transitam pela existência sem julgar ninguém.
Eles são da Luz serena!

Eles são curadores, dos outros e de si mesmos.
Trilham seus caminhos sem jamais infelicitar os caminhos dos outros.
Não se magoam com coisa alguma, pois são felizes.
Os seus atos são lúcidos!

Ah, esses curadores, lindos e tranqüilos, que surfam na luz!
São estrelas na carne, agindo em nome do Alto.
Muitas vezes, quietinhos, eles abraçam a humanidade.
Eles nada esperam, só abraçam a alma do mundo.

Sim, eles nada esperam, só agradecem ao Grande Curador.
Eles sabem que há um tempo certo para cada coisa.
Por isso eles trabalham, no tempo certo de seus corações.
Eles sabem que todo momento é tempo certo de aprender...

Eles estão no mundo igualmente com todos, mas há colunas de luz sobre seus caminhos.
Muitas vezes, eles sentem a dor do mundo, em si mesmos.
Nesses momentos, eles se recolhem na prece e haurem forças no Alto.
E vibram as mãos cheias de luz, sob o comando do coração. 

Não há orgulho em seus rumos, só satisfação serena.
Não há contendas nem competições em seus caminhos, só cura.
Eles caminham no Darma*, como o Alto lhes incumbiu.
E eles sabem que só o Grande Curador sabe o que está em seus espíritos.

Eles são conscientes de que, melhorando os outros, os seus nós cármicos** se dissolvem na luz...
Melhorando os homens, eles também melhoram a si mesmos, e todo mundo cresce.
Eles sempre agradecem aos anjos da cura, pela inspiração no trabalho.
E, eles sempre dizem, contentes: Senhor, nada é meu, tudo é Seu. Inclusive eu!

P.S.: 
Eles são curadores e agentes da cura interdimensional.
Estão na carne, mas são estrelas.
Curam invisivelmente os homens e os espíritos e, também, a si mesmos.
Eles são da Luz!

Om Sinha Ganapati!*** 

(Esses escritos são dedicados a Paramahamsa Ramakrishna, a quem devo muito e a quem dedico também essas palavras de admiração e respeito:
Sou como um garoto nas mãos de Ramakrishna.
Ele é o vento de amor espiritual, e eu sou a folha arrastada pelo seu Karuna (compaixão).
Sua paz me envolve, e sou impelido a canalizar idéias espirituais.
Meu coração brilha sob o seu influxo, e passo, eu mesmo, a ser um vento espiritualista a arrastar outras folhas na direção da Luz Maior. 

- Wagner Borges – apenas um pequeno vento espiritualista na Terra. 

- Notas:
* Darma (do sânscrito Dharma) - dever, missão, programação existencial, mérito, benção, ação virtuosa, meta elevada, conduta sadia, atitude correta, motivação para o que for positivo e de acordo com o bem comum.
** Cármicas – do sânscrito Karma: ação, causa - toda ação gera uma reação correspondente; toda causa gera o seu efeito correspondente. A esse mecanismo universal os hindus chamaram carma. Suas repercussões na vida dos seres e seus atos podem ser denominados de consequências cármicas.
*** Om Sinha Ganapati (do sânscrito) – esse é um mantra evocativo de uma das divindades mais queridas dos hindus: Ganesha, o filho de Shiva e Parvati; o deus com cabeça de elefante. É considerado o removedor dos obstáculos. Um de seus mantras mais conhecidos é Om Ganeshaya Namah!
Muitas vezes, ele é evocado com um dos seus epítetos: Ganapati, o Senhor dos mundos inferiores e removedor dos obstáculos espirituais e energéticos. Nesse caso, o mantra ficaria assim: Om Ganapatiya Namah!
Aqui ele está sendo evocado como Om Sinha Ganapati!. 
O Om é a vibração interdimensional do TODO que está em tudo; é considerado o Verbo Divino, a Palavra de Poder de Brahman.
Sinha significa Leão. Na tradição hinduísta há um avatar de Vishnu (Narayana, o Divino Preservador) chamado de NaraSinha (do sânscrito Nara: homem; Sinha: leão). Dentro desse simbolismo significa o Homem-Leão. Ou, melhor dizendo, Aquele que tem a força do leão. 
Na cosmogonia hinduísta, Vishnu teve que tomar a forma de um homem-leão para destruir um demônio que estava atormentando a todos. Daí o contexto de força atribuído àquela manifestação divina, como um homem-leão dotado de poder descomunal, para detonar o mal. 
Aqui no texto o mantra evoca a força conjunta do leão (Sinha) e do elefante (Ganesha). Ou seja, dupla força para detonar e remover a inércia e as energias pesadas e abrir o coração para a Luz Divina.
É aí que entra esse mantra Om Sinha Ganapati no contexto desses escritos sobre curadores espirituais. É um dos mantras que eu havia escolhido para passar para a turma do curso Om Sattva (curso de Hinduísmo e práticas espirituais). Enquanto eu concentrava luz branca no meu chacra frontal, surgiu um amparador do grupo extrafísico Os Amigos de Ramakrishna e me sugeriu a utilização desse mantra para limpeza do campo energético. E ainda me disse que era dia de Ganesha e me passou algumas dicas pessoais (depois eu fiquei sabendo que os hindus estão comemorando a semana de Ganesha por esses dias). 
Logo a seguir, envolvido e inspirado pelas energias dessa atmosfera espiritual maravilhosa, escrevi esse texto sobre os curadores espirituais. Espero que seja útil e inspire a outros estudantes espirituais, independentemente da linha espiritual escolhida. O importante é fazer o bem sem olhar a quem. E ser feliz!
Detalhe adicional: informações sobre Os Amigos de Ramakrishna - é um grupo de amparadores extrafísicos ligados aos ensinamentos universalistas de Paramahamsa Ramakrishna. Na verdade, são meus amigos de outras vidas e, de vez em quando, aparecem para matar a saudade e dar uns toques espirituais legais. 
Certa vez, um deles me disse: "Sair do corpo é fácil. Difícil é ficar em paz, dentro ou fora do corpo."
Eles também me ensinaram essa verdade: "Dias ruins não são aqueles de tempestade, que até limpam a atmosfera de fora, mas aqueles dias em que permitimos as pesadas nuvens da mediocridade toldando o céu do coração, dentro de nós mesmos".
Agradeço a esse grupo de amigos pela amizade e pelos toques conscienciais pertinentes, que sempre me ensinam muito.

Obs.: Paramahamsa Ramakrishna foi um mestre iogue que viveu na Índia do século 19 e que é considerado até hoje um dos maiores mestres espirituais surgidos na terra do Ganges. Para se ter uma idéia de sua influência espiritual, posso citar que grandes mestres da Índia do século 20 se referiram a ele com muito respeito e admiração, dentre eles o Mahatma Ghandi, Paramahamsa Yogananda e Rabindranath Tagore.
Outro detalhe: ainda sobre o Ganesha, há um texto alusivo a ele em minha coluna do site do IPPB – www.ippb.org.br. O título do mesmo é “Rompendo a Barreira do Passado - I e II”, e pode ser acessado neste endereço específico do site.


Fonte: http://somostodosum.ig.com.br/conteudo/conteudo.asp?id=10029

terça-feira, 27 de julho de 2010

Católicos têm contato com os espíritos santos de sua devoção

Existe uma doutrina importante da Igreja, mas pouco explicada. Trata-se da comunhão dos santos, que é um dogma antigo do credo católico citado nas missas.

Como todo dogma é doutrina polêmica, o Espírito Santo é outro, pois de espírito humano na Bíblia, ele foi transformado pelos teólogos no espírito divino da doutrina trinitária criada por eles. Na Bíblia, o Espírito Santo é o espírito de cada um de nós. Assim, ele é uma espécie de coletivo de todos os espíritos(Daniel 13,45, da Bíblia Católica; e 1Coríntios 6,19).

Também virou dogma a conflitante doutrina da ressurreição da carne, do corpo, pois pela Bíblia ela é do espírito (1 Coríntios 15,44). As traduções mais recentes já falam em ressurreição dos mortos, o que já é um bom progresso. O maior teólogo católico da atualidade, o espanhol Andrés Torres Queiruga, ensina em seu livro "Repensar a Ressurreição" (Ed. Paulinas) que a ressurreição é do espírito, inclusive a de Jesus. O Velho Testamento fala que Jesus ressuscitaria no terceiro dia. Porém se trata da ressurreição ou aparição em nosso mundo físico para os seus apóstolos e discípulos.


Mas no mundo espiritual, Ele ressuscitou mesmo no momento de sua morte. "Pai, em vossas mãos entrego meu espírito". E Jesus apareceu com o seu corpo espiritual (1 Coríntios 15,44) materializado, ou seja, o que as pesquisas científicas de Kardec denominaram de perispírito. Mas os cristãos primitivos, por ignorância, pensavam que se tratasse do corpo morto na cruz. 

Sobre a doutrina da vida eterna, creio que ela virou dogma porque os primeiros cristãos, influenciados pelos cristãos judaizantes saduceus, não acreditavam em ressurreição nem em espírito (Atos 23,8; e Eclesiastes 9,10). Ademais, a palavra eterno era polêmica, pois, apesar de ter sido traduzida por um tempo sem fim, na verdade ela significa tempo indeterminado, indefinido, que é o sentido do vocábulo grego "aionios". O tempo é indefinido porque depende do carma de pagamento dos pecados de cada um. Mas já havia os teólogos que pensavam que era o sangue de Jesus que pagasse os nossos pecados, pois eles achavam que o espírito de Deus se sentisse contente, aliviado e indenizado pelo pecado de assassinato de Jesus. Além disso, eles ainda não tinham descoberto que somos nós mesmos que pagamos os nossos pecados. "Ninguém deixará de pagar até o último centavo" (Mateus 5,26).


E, quanto ao dogma da comunhão dos santos, certamente os teólogos cristãos judeus saduceus, como vimos, contrários que eram à imortalidade dos espíritos e ao contato com eles, repudiavam essa doutrina, por ela transgredir as leis mosaicas (não as divinas do Decálogo), as quais proíbem o contato com os espíritos dos mortos, não os diabos, como dizem alguns líderes religiosos (Deuteronômio capítulo 18). Mas de certa feita, Moisés defendeu o espiritismo, elogiando Heldade e Medade, que recebiam espíritos (Números 11, 24 a 30).

A comunhão dos santos ensina que os católicos podem entrar em contato com os espíritos santos de sua devoção, pedindo-lhes graças, e que os fieis podem ajudar os espíritos com preces e missas. Isso cheira espiritismo! Seria por isso que a Igreja se preocupou tanto com a doutrina dos espíritos? E seria por isso que os evangélicos, herdeiros de alguns erros da Igreja Católica do passado, têm uma ojeriza doentia pelo espiritismo e pelos espíritos santos canonizados pela Igreja?



segunda-feira, 26 de julho de 2010

À descoberta de Deus

(título, para este excerto, da minha responsabilidade)

Querido Deus

«Chamo-me Óscar, tenho dez anos, peguei fogo ao gato, ao cão, à casa (acho que até grelhei os peixes vermelhos) e é a primeira carta que te mando porque dantes, por causa dos estudos, não tinha tempo.» Podia também ter dito: «Chamam-me Cabeça de Ovo, pareço ter sete anos, vivo no hospital por causa do meu cancro e nunca te dirigi a palavra porque nem sequer acredito que tu existas.» ... ... O hospital é um lugar superfixe, ... … cheio de brinquedos e de senhoras cor-de-rosa que querem brincar com as crianças… ... Em suma, o hospital é o máximo se fores um doente agradável. Mas eu já não sou agradável. ... ... Se dizes «morrer» num hospital, ninguém ouve.
- Vovó-Rosa, tenho a impressão que ninguém me diz que vou morrer.
- Por que é que queres que te digam se tu o sabes, Óscar?
Uff, ela ouviu. … ...
Calámo-nos um instantinho, a remoer todos estes pensamentos novos.
- E se escrevesses a Deus, Óscar? ... ...
- E porque haveria de escrever a Deus?
- Irias sentir-te menos só.
- Menos só com alguém que não existe?
- Faz com que ele exista.
Debruçou-se para mim.
- Cada vez que acreditares nele, existirá um bocadinho mais. Se persistires, existirá completamente. Então, vai fazer-te bem.
- O que é que eu lhe posso escrever?
- Confia-lhe os teus pensamentos. Os pensamentos que não dizes são pensamentos que pesam, que se incrustam, que são um fardo, que te imobilizam, que tiram o lugar às ideias novas e que te apodrecem. Vais transformar-te numa lixeira de velhos pensamentos malcheirosos, se não falares.
- O.K.
- E depois, a Deus, podes pedir-lhe uma coisa por dia. Atenção! Só uma.
- Não vale nada, o seu Deus, Vóvó-Rosa. O Aladino tinha direito a três desejos com o génio da lâmpada.
- Um desejo por dia é melhor que três durante uma vida, ou não?
- O.K. Então posso pedir-lhe tudo? Brinquedos, bombons, um carro...
- Não, Óscar. Deus não é o Pai Natal. Só podes pedir coisas do espírito.
- Por exemplo?
- Por exemplo: coragem, paciência, esclarecimentos.
- O.K. Estou a ver.
- E também podes, Óscar, sugerir-lhe favores para os outros.
- Um desejo por dia, Vóvó-Rosa, vou lá desperdiçá-lo, primeiro vou guardá-lo para mim!
E pronto. Então, Deus, nesta primeira carta, mostrei-te um pouco o género de vida que tenho aqui, no hospital, onde agora me olham como um obstáculo à medicina, e gostaria de te pedir um esclarecimento: vou curar-me? Respondes sim ou não. Não é lá muito complicado. Sim ou não. Riscas o que não interessa.

Até amanhã, beijinhos
Óscar.

P.S. Não tenho a tua morada: como é que faço?

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Querido Deus

Bravo! És mesmo poderoso. Ainda antes de pôr a carta no correio, dás-me a resposta. Como é que consegues? … …
Ouvi o que não devia ter ouvido. A minha mãe soluçava, o doutor Düsseldorf repetia: «Tentámos tudo, acredite que tentámos tudo», e o meu pai respondia com voz estrangulada: «Tenho a certeza disso, doutor, tenho a certeza»
… …

Texto retirado de “Óscar e a senhora cor-de-rosa” de Eric-Emmanuel Schmitt e lido e discutido na AELA, na 3ª feira, em 20 de Julho de 2010.

sábado, 24 de julho de 2010

A Consciência e a Verdade

“Aos quinze anos, minha inteligência se consagrava ao estudo. Aos trinta, mantinha-me firme. Aos quarenta, não tinha dúvidas. Aos cinqüenta, conhecia os decretos o Céu. Aos sessenta, o meu ouvido era um órgão obediente para a recepção da verdade. Aos setenta, podia fazer o que me desejasse o coração sem transgredir o que era justo”. – Confúcio (Kongtzeu)

     Duas coisas predominam em todo o Universo: a Consciência – que é Deus e os seres criados à sua imagem e semelhança; e a Lei, que é a vontade de Deus governando os seres e a Natureza. A Lei significa a ordem, o equilíbrio, a harmonia. A Consciência significa inteligência, pensamento, ação, emoção, realização, auto-controle, responsabilidade e convivência. O contrário da Lei é o caos, o mal, a escuridão, o medo e a ignorância, a incerteza, a insegurança e o sofrimento. O contrário da Consciência é a alienação e a loucura.
     Quando a Lei e a Consciência não se chocam e andam juntas significam sempre o Bem, a Luz, a fé, a confiança, a sabedoria, a resignação, a tranqüilidade, a confiança e a felicidade. A união da Lei com a Consciência resulta no conhecimento gradual da Verdade. Quando conhecemos a Verdade a nossa vida se transforma incessantemente. A Verdade total ainda está bem longe do nosso alcance: ainda não temos maturidade para conhecê-la como um todo. Por isso vamos conhecendo-a em partes. Se conhecêssemos a Verdade de uma só vez entraríamos em desequilíbrio. Por isso, assim como as crianças que aprendem a andar por si próprias, vamos dando passos lentos, até adquirirmos segurança para pisarmos nesse terreno, para nós ainda tão assustador e inseguro.
     Em várias épocas Deus permitiu a manifestação na Terra, e em muitos outros mundos físicos, de seres sábios para mostrar a Verdade aos homens. Mostraram muitas coisas verdadeiras, mas não puderam mostrar tudo por completo. Krishna e Buda na Índia, Zoroastro na Pérsia, Lao-tsé , Fo-Hi e Confúcio (Kong-Teseu) na China, Sócrates na Grécia, Moisés e Jesus na Palestina. Todos eram legisladores morais e ampliadores da Consciência humana.
Todos eles falavam da Lei e da necessidade de praticarmos essa lei desenvolvendo a Consciência. Krishna e Buda ensinavam: amem os seres da Natureza e controlem os desejos; Moisés alertava: respeitem a Deus não matando e não roubando; Os mestres da China recomendavam: Cultivem a paciência e a bondade; Zoroastro explicava a importância do livre-arbítrio falando da luta constante entre o Bem e o mal; Sócrates refletia: sei que nada sei e recomendava: conhece-te a ti mesmo; Jesus pedia: sejam humildes, perdoem seus inimigos. Este, como o último grande sábio que se manifestou em nosso planeta, tinha plena consciência de sua responsabilidade e do momento histórico que estava inaugurando para a Humanidade: “Não pensei que vim destruir a lei ou destruir os profetas; eu não vim destruí-los, mas dar-lhes cumprimento; porque eu vos digo que o céu e a Terra passarão antes que tudo o que está na Lei não seja cumprido perfeitamente, até um único jota e um só ponto”.
     Quando falavam da Consciência esses sábios convidavam todos para conhecer as maravilhas do nosso mundo interior, que uns chamavam de Nirvana, de Plenitude ou ainda o Reino de Deus. Uma Consciência é a prova viva da existência de Deus, sua própria imagem e semelhança. A Consciência não pode jamais ignorar a Lei ou fugir de si mesmo agredindo sua natureza espiritual divina. A Lei diz que somos todos iguais em Espírito, na origem, na raiz, que é a nossa Consciência. Somos diferentes no pensar, no agir e no sentir porque temos a liberdade de escolha dos caminhos que vamos percorrer. Mas somos iguais naquilo que queremos atingir como finalidade.
Nossas diferenças nunca devem servir de motivos de conflitos e de violência. Pelo contrário, as diferenças existem para que pratiquemos a lei da convivência, conhecendo a Verdade única do Amor Universal. Por Isso Jesus ensinava: aquele que se humilhar será exaltado, ou seja, aquele que respeitar a simplicidade e a ignorância do seu semelhante será sempre maior porque ficará com a consciência limpa e com o coração leve. Na sua enorme experiência espiritual, Jesus dizia: Vinde a mim, todos vós que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei. Tomai o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para a vossa alma. Porque meu jugo é suave e um fardo leve.
     Quem tem a consciência limpa pelo senso de justiça e o coração leve pela humildade jamais sofre diante das dificuldades e da provas da Vida. Jesus já conhecia plenamente essa realidade do mundo interior e ensinava: Sejam inteligentes como as serpentes e simples como as pombas. A serpente é a necessidade de sobrevivência do corpo e a pomba a salvação da alma.
      A humildade é o segredo para estarmos sempre quites com a Lei e paz com a nossa Consciência. Já o orgulho é a rebeldia, o egoísmo, a causa da manifestação de todos os nossos defeitos morais. Esses defeitos nos afastam da Lei, escurecem a nossa Consciência, nos tornam infelizes e derrotados. A humildade não é covardia. É preciso muita coragem e disposição para ser humilde. O orgulho é sim uma covardia, porque incentiva o ser humano a mentir para si mesmo. Quem é mais covarde: aquele se enfrenta ou aquele foge de si próprio?
     A Ciência humana desconhece as origens da consciência. Opinam muitos pesquisadores especulando que ela é produto da transformação dos organismos, vendo nisso somente o fenômeno visível e exterior. Não conseguem, portanto, estabelecer uma correta e clara relação de causa e efeito. Sabem que ela existe, pois carregam dentro de si mesmo essa prova viva, mas, contraditoriamente, não têm como prova-la objetivamente, segundo os paradigmas científicos que cultuam. Tanto a Consciência como a Mente continuam sendo considerados nas academias materialistas como uma crença. Até mesmo as clássicas experiências e teorias do Dr. Sigmund Freud são incluídas neste rol. No entanto ela aí está, seja como crença, seja como fato objetivo o u subjetivo, servindo sempre como referência no esforço que fazemos para compreender e aceitar a realidade.
     Como percebemos, este é o assunto que mais incomoda e fascina aqueles que sentem a necessidade de explicar as coisas e, por isso, está presente em todas a atividades nas quais os ser humano estão envolvido. É só conferirmos nos dicionários para constatar a enorme incidência de conceitos e circunstâncias em que a palavra “consciência” aparece como base nas definições filosóficas.
     Mas uma coisa é certa: é indiscutível ela é a principal porta de acesso à Verdade, que todos nós buscamos ansiosamente. Trata-se de um termômetro e ao mesmo tempo uma bússola que utilizamos para navegar no imenso oceano do Desconhecido.

Dalmo Duque dos Santos

A ORDEM DOS TEMPLÁRIOS

quinta-feira, 22 de julho de 2010

A QUEM PERTENCE o muro ?

Conta-se por ai que havia um grande muro separando dois grandes grupos.  De um lado do muro estavam Deus, os anjos e os servos leais de Deus. Do outro lado do muro estavam Satanás, seus demônios e todos os humanos que não servem a Deus. E em cima do muro havia um jovem indeciso, que havia sido criado num lar cristão, mas que agora estava em dúvida se continuaria servindo a Deus ou se deveria aproveitar um pouco os prazeres do mundo. O jovem indeciso observou que o grupo do lado de Deus chamava e gritava sem parar para ele:

- Ei, desce do muro agora... Vem pra cá!".

 Já o grupo de Satanás não gritava e nem dizia nada. Essa situação continuou por um tempo, até que o jovem indeciso resolveu perguntar a Satanás:

- O grupo do lado de Deus fica o tempo todo me chamando para descer e ficar do lado deles. Por que você e seu grupo não me chamam e nem dizem nada para me convencer a descer para o lado de vocês?

 Grande foi a surpresa do jovem quando Satanás respondeu:
- Ora, para que chamá-lo se o muro é meu?.

(Autor Desconhecido)

Esta pequena alegoria de origem nitidamente religiosa, nos motiva a interessantes reflexões. Nós, espíritas, sabemos que Satanás só existe enquanto personificação representativa do Mal, uma vez que Deus jamais criaria seres “perfeitos” mas que eram imperfeitos a ponto de involuirem do Bem para o Mal.

Partindo desta pequena ressalva, podemos nos perguntar porque o muro pertence ao Mal? O que simboliza o muro? Fácil é perceber que o muro representa a posição neutra e confortável daquele que nada faz, que não escolhe lado, que opta pela omissão, pela inatividade, acha que não fazer o mal é um bem, ledo engano pois ainda que não se faça o mal, quem está sobre o muro também não faz o bem, e quem não faz o bem ajuda o mal a disseminar-se.

As pessoas estão cada vez mais perdidas em seus valores fundamentais. Há completa inversão da noção do certo e do errado, uma tendência maior a querer satisfazer as opiniões da sociedade em detrimento da própria consciência. Opta-se mais pela fama, pela aparência, pela riqueza, pelo poder, do que pela moral ilibada e uma ética incoercível. A Terra, porém, em seu processo de evolução para mundo de Regeneração, não mais comporta omissões, exige-nos a tomada de decisão, já não há mais muro para sentar e assistir de camarote o que acontece.

Na obra O Céu e o Inferno, livro básico da Codificação Espírita, os Espíritos explicam o Código Penal da Vida Futura. Vejamos seu item 6º, que diz:

"O bem e o mal que fazemos decorrem das qualidades que possuímos. Não fazer o bem quando podemos é, portanto, o resultado de uma imperfeição. Se toda imperfeição é fonte de sofrimento, o Espírito deve sofrer não somente pelo mal que fez como pelo bem que deixou de fazer na vida terrestre".

Somos, portanto, responsáveis pelo Bem que fazemos, pelo Mal que fazemos, e pelo Mal que decorre do Bem que não fizemos mas poderíamos ter feito.

Não é de uma perspicácia e bondade divinas incrível!? Deus dá-nos méritos por todo o Bem que fazemos! E a Lei de Ação e Reação, a mesma que premia os esforços individuais, é a que se torna nossa educadora quanto às imperfeições que carregamos, a partir do momento em que nossos atos prejudicam o próximo, direta ou indiretamente.

Quando falamos sobre a contradição de permanecer em cima do muro da omissão, criticando quem faz o mal, criticando quem erra procurando acertar, é porque a inatividade, o comodismo, a reclamação contumaz são armas das trevas, instrumentos de espíritos atrasados moralmente, encarnados ou não, a quem convém fazer estagnar no ócio e no prazer destrutivo de regozijar-se com o erro alheio.

Somos espíritas, somos cristãos, sabemos que é impossível amar sentados, de mãos ociosas, assistindo como fosse obra de ficção, a quem sofre ao nosso lado. Pois bem, desçamos logo do muro, antes que a dor, educadora da alma rebelde, nos alcance.


Fraternais abraços!
Vania Mugnato de Vasconcelos

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Em Destaque - Nosso Lar por Francisco C. Xavier

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NOSSO LAR

por Francisco Cândido Xavier


Colecção A Vida no Mundo Espiritual

1. Nosso Lar (1944)
2. Os Mensageiros (1944)
3. Missionários da Luz (1945)
4. Obreiros da Vida Eterna (1946)
5. No Mundo Maior (1947)
6. Libertação (1949)
7. Entre a Terra e o Céu (1954)
8. Nos Domínios da Mediunidade (1955)
9. Acção e Reacção (1957)
10. Evolução em Dois Mundos (1958)
11. Mecanismos da Mediunidade (1960)
12. Sexo e Destino (1963)
13. E a Vida Continua... (1968)

QUANDO O SERVIDOR ESTÁ PRONTO, O SERVIÇO APARECE


Esta obra é uma psicografia ditada pelo Espírito André Luiz ao médium Francisco Xavier e, formalmente, é o primeiro dos treze livros que constituem a Colecção A Vida no Mundo Espiritual.

Nas primeiras linhas de Novo Amigo, que serve de prefácio á obra, e assinado por Emmanuel podemos ler:

- «Por vezes, o anonimato é filho do legítimo entendimento e do verdadeiro amor. Para redimirmos o passado escabroso, modificam-se tabelas da nomenclatura usual na reencarnação. Funciona o esquecimento temporário como bênção da Divina Misericórdia. André precisou, igualmente, cerrar a cortina sobre si mesmo.
«É por isso que não podemos apresentar o médico terrestre e autor humano, mas sim o novo amigo e irmão na eternidade. Por trazer valiosas impressões aos companheiros do mundo, necessitou despojar-se de todas as convenções, inclusive a do próprio nome, para não ferir corações amados, envolvidos ainda nos velhos mantos da ilusão. Os que colhem as espigas maduras, não devem ofender os que plantam a distância, nem perturbar a lavoura verde, ainda em flor […] de há muito desejamos trazer ao nosso círculo espiritual alguém que possa transmitir a outrem o valor da experiência própria, com todos os detalhes possíveis à legítima compreensão da ordem que preside o esforço dos desencarnados laboriosos e bem-intencionados, nas esferas invisíveis ao olhar humano, embora intimamente ligadas ao planeta […] A surpresa, a perplexidade e a dúvida são de todos os aprendizes que ainda não passaram pela lição […] Todo leitor precisa analisar o que lê»

Esta obra está subdividida em 50 capítulos e, como exemplo, apresentamos os títulos de alguns: Nas Zonas Inferiores - A Oração Colectiva - O Médico Espiritual - Organização de Serviços - Problema de Alimentação - A Visita Materna - Noções de Lar - Novas Perspectivas - Vampiro - Curiosas Observações - Encontro Singular - O Sonho - A Palavra do Governador - No Campo da Música - Sacrifício de Mulher - Regressando à Casa - Cidadão de Nosso Lar.

Em Mensagem de André Luiz podemos ler:

- «A vida não cessa. A vida é fonte eterna e a morte é jogo escuro das ilusões.
«O grande rio tem seu trajecto, antes do mar imenso. Copiando-lhe a expressão, a alma percorre igualmente caminhos variados e etapas diversas, também recebe afluentes de conhecimentos, aqui e ali, avoluma-se em expressão e purifica-se em qualidade, antes de encontrar o Oceano Eterno da Sabedoria […] É preciso muito esforço do homem para ingressar na academia do Evangelho do Cristo, ingresso que se verifica, quase sempre, de estranha maneira - ele só, na companhia do Mestre, efectuando o curso difícil, recebendo lições sem cátedras visíveis e ouvindo vastas dissertações sem palavras articuladas.
«Muito longa, portanto, nossa jornada laboriosa»

As transcrições a seguir referidas têm como objectivo facilitar a observação do estilo do autor, assim como a sua abordagem temática:

- «Eu guardava a impressão de haver perdido a ideia de tempo. A noção de espaço esvaíra-se-me de há muito. Estava convicto de não mais pertencer ao número dos encarnados no mundo e, no entanto, meus pulmões respiravam a longos haustos.
«Desde quando me tornara joguete de forças irresistíveis? Impossível esclarecer. Sentia-me, na verdade, amargurado duende nas grades escuras do horror. Cabelos eriçados, coração aos saltos, medo terrível assenhoreando-me, muita vez gritei como louco, implorei piedade e clamei contra o doloroso desânimo que me subjugava o espírito; mas, quando o silêncio implacável não me absorvia a voz estentórica, lamentos mais comovedores que os meus respondiam-me aos clamores. «Outras vezes gargalhadas sinistras rasgavam a quietude ambiente. «Algum companheiro desconhecido estaria, a meu ver, prisioneiro da loucura. Formas diabólicas, rostos alvares, expressões animalescas surgiam, de quando em quando, agravando-me o assombro […] fugia sempre... O medo me impelia de roldão. Onde o lar, a esposa, os filhos? «Perdera toda a noção de rumo […] De início, as lágrimas lavavam-me incessantemente o rosto e apenas, em minutos raros, felicitava-me a bênção do sono. Interrompia-se, porém, bruscamente, a sensação de alívio. Seres monstruosos acordavam-me, irónicos; era imprescindível fugir deles […] Em momento algum, o problema religioso surgiu tão profundo a meus olhos»

- «Consolou-me a palavra maternal, reorganizando-me as energias interiores. Minha mãe comentava o serviço como se fora uma bênção às dores e dificuldades, levando-as a crédito de alegrias e lições sublimes. Inesperado e inexprimível contentamento banhava-me o espírito. Aqueles conceitos alimentavam-me de estranho modo. Sentia-me outro, mais alegre, animado e feliz.
« – Oh! minha mãe! - exclamei comovido - deve ser maravilhosa a esfera da sua habitação! Que sublimes contemplações espirituais, que ventura!.
«Ela esboçou um sorriso significativo e obtemperou: – A esfera elevada, meu filho, requer, sempre, mais trabalho, maior abnegação. Não suponhas que tua mãe permaneça em visões beatíficas, a distância dos deveres justos. Devo fazer-te sentir, no entanto, que minhas palavras não representam qualquer nota de tristeza, na situação em que me encontro. É antes revelação de responsabilidade necessária. Desde que voltei da Terra, tenho trabalhado intensamente pela nossa renovação espiritual. Muitas entidades, desencarnando, permanecem agarradas ao lar terrestre, a pretexto de muito amarem os que demoram no mundo carnal. Ensinaram-me aqui, todavia, que o verdadeiro amor, para transbordar em benefícios, precisa trabalhar sempre. Desde minha vinda, então, procuro esforçar-me por conquistar o direito de ajudar aqueles que tanto amamos»

E terminamos com o seguinte excerto:

- « – Precisamos organizar - dizia ela - determinados elementos para o serviço hospitalar urgente, embora o conflito se tenha manifestado tão longe, bem como exercícios adequados contra o medo.
« – Contra o medo? - acrescentei, admirado.
« – Como não? - objectou a enfermeira, atenciosa. – Talvez estranhe, como acontece a muita gente, a elevada percentagem de existências humanas estranguladas simplesmente pelas vibrações destrutivas do terror, que é tão contagioso como qualquer moléstia de perigosa propagação. Classificamos o medo como dos piores inimigos da criatura, por alojar-se na cidadela da alma, atacando as forças mais profundas. Observando-me a estranheza, continuou: – Não tenha dúvida. A Governadoria, nas actuais emergências, coloca o treino contra o medo muito acima das próprias lições de enfermagem. A calma é garantia do êxito. Mais tarde, compreenderá tais imperativos de serviço»

DESEJAMOS UMA BOA LEITURA!

Carmen, 2010.Jul.15 AELA - Destaques

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Doença Espiritual e Tratamento das Doenças Espirituais

O Espiritismo não veio para competir com qualquer especialidade médica e a sua principal actuação não é a de produzir curas. O seu papel primordial é o de iluminar e esclarecer, para que cada criatura promova, por si própria, a sua reeducação espiritual. Sem reforma íntima, não vai ocorrer progresso nem cura. Quando o corpo perece, a Alma que o anima passa a viver no mundo espiritual que está em estreita ligação com o mundo material que habitamos e os espíritos que aí vivem exercem constantemente uma forte interferência nas nossas vidas. O pensamento é força criadora, proveniente do Espírito que o impulsiona. A energia mental que o pensamento exterioriza, exerce total influência no corpo espiritual, modificando a sua forma, aparência e consistência. Cada um de nós vive em sintonia com o ambiente espiritual que as suas atitudes e desejos constroem para si próprio. No meio médico, os alemães costumam dizer que "só tem saúde aquele que ainda não foi examinado". Do ponto de vista espiritual, uma afirmação desse tipo, longe de ser um exagero, é uma verdade que só aquele que não se deteve a examinar a sua consciência pode contestar. Considerando a fisiopatogenia das doenças espirituais costumamos adoptar o seguinte conjunto de diagnósticos: Doenças espirituais auto-induzidas: desequilíbrio vibratório e auto-obsessão; Doenças espirituais compartilhadas: vampirismo e obsessão; Mediunismo; Doenças cármicas.
Desequilíbrio vibratório: A aparência e a relação entre o corpo físico e o corpo espiritual dependem exclusivamente do fluxo de ideias que construímos. O ser humano ainda perde muito dos seus dias com a crítica aos semelhantes, o ódio, a maledicência, as exigências descabidas, a ociosidade, a cólera e o azedume, entre tantas outras reclamações levianas contra a vida e contra todos. É essa desarmonia que desencadeia as costumeiras sensações de mal-estar, a fadiga sistemática, a dispneia em que o ar parece sempre faltar, os músculos que doem. A enxaqueca que o médico não consegue eliminar, a digestão que nunca se acomoda e tantas outras manifestações tidas como doenças psicossomáticas. São tantos a procurar os médicos, mas muito poucos a dedicar-se a uma reflexão sobre os prejuízos das suas mesquinhas atitudes.
A auto-obsessão: O pensamento é energia que constrói imagens que consolidam em torno de nós um campo de representações das nossas ideias. À custa dos elementos absorvidos do fluido cósmico universal, as ideias tomam formas, sustentadas pela intensidade com que pensamos no que essa ideia propõe. A matéria mental constrói em torno de nós uma atmosfera psíquica (psicosfera) na qual estão representados os nossos desejos. Nesse cenário, estão os personagens que nos aprisionam o pensamento pelo amor ou pelo ódio, pela inveja ou pela cobiça, pela indiferença ou pela protecção que projectamos para os que queremos bem. Da mesma forma, os medos, as angústias, as mágoas não resolvidas, as ideias fixas, o desejo de vingança, as opiniões cristalizadas, os objectos de sedução, o poder ou os títulos cobiçados, também se estruturam em ideias-formas. A partir daí, seremos prisioneiros do próprio medo, dos fantasmas da nossa angústia, das imagens dos nossos adversários, da falsa ilusão dos prazeres terrenos ou do brilho ilusório das vaidades humanas. A matéria mental produz a imagem ilusória que nos escraviza. Por capricho nosso, somos obsidiados pelos próprios desejos.
As doenças espirituais compartilhadas: Incluímos aqui o vampirismo e a obsessão.
Vampirismo: O mundo espiritual é povoado por uma população numerosíssima de espíritos. Contamos com eles como guias e protectores mas, na maioria das vezes, nós atraímo-los pelos vícios e eles aprisionam-nos pelo prazer. Nesses desvios da conduta humana, a mente do responsável agrega em torno de si elementos fluídicos que, aos poucos, vão construindo miasmas psíquicos com extrema capacidade corrosiva do organismo que a hospeda. Nessa associação, há uma tremenda perda de energia por parte do responsável pelo vício, daí a expressão vampirismo ser muito adequada para definir essa parceria.
Obsessão: Em muitas ocasiões do passado, já tivemos oportunidade de participar de grandes disputas financeiras, de crimes que a justiça terrena não testemunhou, de aborto clandestino que as alcovas esconderam e de traições que a sociedade repudiou e escarneceu. Nos rastos dessas mazelas humanas, nós todos, sem excepção, estamos endividados e altamente comprometidos com outras criaturas, também humanas e exigentes como nós mesmos que, agora, nos estão a exigir a cobrança de dívidas a que nos furtámos noutras épocas e a persistir no seu domínio procurando dificultar-nos a subida mais rápida para os mais elevados estágios da espiritualidade. Embora a ciência médica de hoje ainda não a traga nos seus registos nosológicos, a obsessão espiritual, na qual uma criatura exerce o seu domínio sobre a outra, é, de longe, o maior dos males da patologia humana.
Mediunismo: Manifestações sintomáticas apresentadas por aqueles que iniciam as suas manifestações mediúnicas.
Doenças cármicas: Sempre que, pelas nossas intemperanças, descuramos os cuidados com o nosso corpo e prejudicamos o equilíbrio físico ou psíquico do nosso próximo, estamos imprimindo esses desajustes nas células do corpo espiritual que nos serve. Mais do que a cura das doenças, a medicina tibetana, há milénios, ensinava que médico e pacientes devem buscar a oportunidade da iluminação. Os padecimentos pela dor, e as limitações que as doenças trazem, possibilitam-nos o esclarecimento se nos predispusermos a buscá-lo. Mais importante do que aceitar o sofrimento numa resignação passiva e pouco produtiva, torna-se necessário superar qualquer limitação ou revolta, para promovermos o crescimento espiritual, através dessa descoberta interior e individual.

Texto lido e discutido na AELA, 3ª feira, dia 6 de Julho de 2010
Excertos de “O Cérebro e a Mente” de Núbor Orlando Facure - especialista em neurologia, neurocirurgião, ex-professor titular de neurocirurgia da UNICAMP - Universidade Estadual de Campinas. Actualmente, é director do Instituto do Cérebro de Campinas

Tratamento das Doenças Espirituais
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Corrigir os problemas espirituais implica reeducar o espírito. Os tratamentos sintomáticos podem trazer um socorro imediato ou um alívio importante, mas transitório. Percorrer as casas espíritas em busca de alívio pelo passe magnético, pela água fluida magnetizada com os fluidos revitalizadores, ou para desfrutar de alguns momentos de saudável harmonia com a espiritualidade, apenas repetem as buscas superficiais que a maioria das pessoas faz em qualquer consultório médico ou recinto de cura de outras instituições religiosas que prometem curas rápidas.
Trabalhar para conhecer e tratar a doença espiritual exige uma reforma interior que exige esforço, disciplina e dedicação.
Nesse sentido, o médico não está ali para controlar a doença de quem o procura, mas deve comprometer-se em desempenhar o papel de orientador seguro, com atitudes condizentes com as que propõe ao paciente.
O postulado número um nesse tratamento deve ser, portanto, um código de conduta moral, que deve partir do compromisso que o médico e qualquer outro terapeuta deve assumir.
São de grande sensibilidade os conselhos de Allan Kardec:
"...Dome suas paixões animais; não alimente ódio, nem inveja, nem ciúme, nem orgulho; não se deixe dominar pelo egoísmo; purifique-se, nutrindo bons sentimentos; pratique o bem; não ligue às coisas deste mundo importância que não merecem (12)".
No nosso ambiente de trabalho, temos adoptado conduta simples que até agora nos tem parecido de grande repercussão no tratamento: Desde a sala de espera, criamos um ambiente em que o paciente já começa a perceber que o nosso trabalho está comprometido com a espiritualidade. Sem qualquer ostentação de misticismo vulgar ou crenças supersticiosas, na sala de espera, o paciente lê um convite para participar da nossa reunião de diálogo com o evangelho feita no período da manhã.
Entre outras mensagens, que ele pode retirar e levar para uma leitura mais demorada, fizemos constar um livro de preces, onde podem ser colocados nomes e endereços para serem encaminhadas às vibrações nos dias da leitura do evangelho, que é sempre precedida e encerrada com meditação e prece.
Os quadros de obsessão e outras patologias, nos quais se supõe que haja interferências mais graves de entidades espirituais, devem ser obrigatoriamente referidos para as casas espíritas, que estão preparadas adequadamente para lidar com esses dramas.

In “O Cérebro e a Mente” de Núbor Orlando Facure

domingo, 4 de julho de 2010

A doutrinação e seus métodos – parte 2

Diz-nos Edgard Armond que as sessões de doutrinação de Espíritos objectivam esclarecer entidades desencarnadas a respeito de sua própria situação espiritual, orientando-as no sentido do seu despertar no plano invisível e o seu subsequente equilíbrio e progresso espirituais. Para facilitar o seu despertar ou o seu esclarecimento, Espíritos jungidos ao habitat terrestre por força da lei de afinidade são trazidos às sessões de doutrinação e aí ligados momentaneamente a médiuns de incorporação, com o que, no contacto com os fluidos benéficos da corrente aí formada, acrescidos dos ensinamentos recebidos do doutrinador encarnado, logram quase sempre despertar e retomar o caminho do aperfeiçoamento espiritual.
Doutrinar Espíritos não é, porém, tarefa fácil. Segundo observa André Luiz, a pessoa envolvida nessa tarefa não pode esquecer que a Espiritualidade Superior confia nela e dela aguarda o cultivo de determinados atributos como os que se seguem: a) direcção e discernimento; b) bondade e energia; c) autoridade fundamentada no exemplo; d) hábito de estudo e oração; e) dignidade e respeito para com todos; f) afeição sem privilégios; g) brandura e firmeza; h) sinceridade e entendimento; i) conversação construtiva.
A doutrinação, informa Herculano Pires, existe em todos os planos, mas o trabalho mais rude e pesado é o que se processa em nosso mundo. Orgulhoso e inútil, e até mesmo prejudicial, será o doutrinador que se julgar capaz de doutrinar por si mesmo. Só pode realmente doutrinar Espíritos quem tiver amor e humildade. Dito isto, Herculano Pires observa que, muitas vezes, a doutrinação exige atitudes enérgicas, não ofensivas nem agressivas, mas firmes e imperiosas. É o momento em que o doutrinador trata o obsessor com autoridade moral, a única autoridade que podemos ter sobre os Espíritos inferiores, que sentem a nossa autoridade e a ela se submetem em virtude da força moral de que dispusermos. Essa autoridade, no entanto, só conseguimos adquirir por meio de uma vivência digna no mundo, sendo sempre correctos em nossas intenções e em nossos actos, em todos os sentidos, porquanto as nossas falhas morais não combatidas, não controladas, diminuem a nossa autoridade sobre os obsessores.
Como a doutrinação não objectiva somente Espíritos sofredores, mas igualmente Espíritos ignorantes que ainda permanecem em esferas de embrutecimento, e Espíritos maldosos que se devotam ao mal conscientemente, bem variado deve ser o modo de doutrinar uns e outros.
Há, entretanto, determinadas regras que não podem deixar de ser aplicadas nessa tarefa:
a) receber com atenção e interesse as comunicações; c) envolver o comunicante num clima de vibrações fraternais, dando oportunidade para que ele fale; d) estabelecer em tempo oportuno um diálogo amigo e esclarecedor; e) evitar acusações e desafios desnecessários; f) confortar e amparar através do esclarecimento; g) não discutir com exaltação tentando impor seu ponto de vista; h) não receber a todos como se fossem embusteiros e agentes do mal; i) ser preciso e enérgico na hora necessária, sem ser cruel e agressivo; j) evitar o tom de discurso e também as longas prelecções l) ser claro, objectivo, honesto, amigo, fraterno, buscando dar ao comunicante aquilo que gostaria de receber se no lugar dele estivesse.
André Luiz recomenda, a dirigentes e esclarecedores e a todos os que participam das reuniões mediúnicas, que tenham sempre em mente os 13 seguintes princípios:
2. Esclarecimento aos desencarnados sofredores assemelha-se à psicoterapia e a reunião é tratamento em grupo, na qual, sempre que possível, deverão ser aplicados os métodos evangélicos. 3. A parte essencial ao entendimento é atingir o centro de interesse do Espírito preso a ideias fixas, para que se lhes descongestione o campo mental… 5. Cada Espírito sofredor deve ser recebido como se fosse um familiar nosso extremamente querido; agindo assim, acertaremos com a porta íntima através da qual lhe falaremos ao coração. 8. É preciso anular qualquer intento de discussão ou desafio com os Espíritos comunicantes, dando mesmo razão, algumas vezes, aos manifestantes infelizes e obsessores. 9. Nem sempre a desobsessão real consiste em desfazer o processo obsessivo de imediato, porquanto em diversos casos a separação de obsidiado e obsessor deve ser praticada lentamente 11. Não se deve constranger os médiuns psicofónicos a receberem os desencarnados presentes, atentos ao preceito da espontaneidade, factor essencial ao êxito do intercâmbio. 13. Se o manifestante perturbado se fixar no braseiro da revolta ou na sombra da queixa, indiferente ou recalcitrante, o esclarecedor deve solicitar a cooperação dos benfeitores espirituais presentes para que o necessitado rebelde seja confiado à assistência espiritual especializada.

Excertos dum texto de Astolfo Olegário de Oliveira Filho (1) e debatido na reunião da AELA, na 3ª feira, dia 22 de Junho de 2010
(1) Director da revista semanal electrónica “O Consolador”(*) e editor do jornal mensal “O Imortal”(*)
(*)Brasil

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Lei do karma não é lei de causa e efeito

«A palavra karma utilizada na Índia e por muitas correntes filosóficas e religiosas, significa em primeira instância “acção”, “trabalho” ou “efeito”. No sentido secundário, o efeito de uma acção ou, se preferirmos, a soma dos efeitos de acções (vidas) passadas reflectindo-se no presente. Na concepção hindu, karma quer dizer “destino” determinado ou fixo.» in “O Verbo e a Carne” de José Herculano Pires
Ora o destino enquanto determinismo é precisamente um ponto em que a Doutrina Espírita diverge da lei do karma uma vez que esta pressupõe sempre uma dívida a ser resgatada enquanto a Doutrina Espírita se posiciona de modo diferente. A lei de causa e efeito apresenta-nos a ideia de que o futuro depende também das acções e decisões do presente. Uma causa positiva gera um efeito positivo e uma causa negativa gera um efeito igualmente negativo, ou seja, para o Espiritismo cada ser humano é um espírito imortal encarnado que herda as consequências boas ou más das suas encarnações anteriores. Em “O Livro dos Espíritos”, pergunta 1009, lê-se o seguinte: «Dizeis que, acima de tudo, Deus é justo e que o homem não lhe compreende a justiça. Mas a justiça não exclui a bondade e ele não seria bom, se condenasse a eternas e horríveis penas a maioria das suas criaturas. …no fazer que a duração das penas dependa dos esforços do culpado não está toda a sublimidade da justiça unida à bondade? Aí é que se encontra a verdade desta sentença: A cada um segundo as suas obras.»
Retendo apenas a frase “A cada um segundo as suas obras” e ignorando a parte onde se refere “que a duração das penas depende dos esforços do culpado” podemos deduzir que significa a aplicação da lei do karma mas vejamos outro trecho do mesmo livro, pergunta 178: «Podem os Espíritos encarnar num mundo relativamente inferior a outro onde já viveram? “Sim, se for para cumprir uma missão e ajudar ao progresso. Aceitam com alegria as dificuldades dessa existência, porque lhes oferecem um meio de avançar.”
Mas, não pode dar-se também por expiação? Não pode Deus degredar para mundos inferiores Espíritos rebeldes? “Os Espíritos podem conservar-se estacionários, mas não regridem. Em caso de estacionamento, a punição deles consiste em não avançarem, em recomeçarem, no meio conveniente à sua natureza, as existências mal-empregadas.”»
E em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, cap. V. § 9, escreveu Kardec: «No entanto, não se deve acreditar que todo o sofrimento suportado aqui na Terra seja, necessariamente, o indício duma determinada falta; muitas vezes, os sofrimentos são simples provas escolhidas pelo Espírito para concluir a sua depuração e acelerar o seu progresso. Assim sendo, a expiação serve sempre de prova, mas nem sempre a prova é uma expiação. Porém, provas ou expiações, na verdade são sinais duma inferioridade relativa, visto que o que é perfeito não precisa de ser provado. Um Espírito, portanto, pode ter chegado a certo grau de elevação mas querendo avançar mais ainda, solicitar uma missão, uma tarefa a cumprir e pela qual, se sair vitorioso, será tanto mais recompensado quanto mais penosa tenha sido a luta.
E, na mesma linha, escreve Léon Denis em “O Problema do Ser, do Destino e da Dor”, 2ª parte: «É necessário evitarmos ver, nas provações e dores da Humanidade, a consequência exclusiva de faltas passadas. Todos aqueles que sofrem não são forçosamente culpados em vida de expiação. Muitos são simplesmente Espíritos ávidos de progresso, que escolheram vidas penosas e de labor para colherem o benefício moral que anda ligado a toda a pena sofrida.»
E acabando novamente com Kardec e “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, cap. V, § 7: «Tanto os sofrimentos devidos a causas anteriores como os resultantes das faltas actuais são, muitas vezes, a consequência da falta cometida, ou seja, por uma rigorosa justiça distributiva, o homem sofre o que fez sofrer aos outros; se foi duro e desumano poderá, por sua vez, ser tratado duramente e com desumanidade; se foi orgulhoso, poderá nascer em condições humilhantes; se foi avaro, egoísta ou fez mau uso dos seus haveres, poderá ver-se privado do necessário; … etc.

Texto lido e discutido na AELA em 2 de Fevereiro de 2010

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