quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

CORAGEM OU COVARDIA

(Resumo da Psicografia ditada pelo Espírito Sandra a Vera Lúcia Marinzeck do Livro O Que Encontrei do Outro Lado da Vida)
Sandra, vivia num ambiente familiar difícil, discussões permanentes, mudanças de casa e cidade. Infeliz, num acto impensado, cometeu suicídio, tomando veneno para ratos. O socorro não foi atempado, desencarnou.
«Mas não me sentia morta. Fiquei a ver e ouvir tudo, mas de modo confuso.(…) Vi e ouvi pessoas, comentários, o choro das amigas e de meu namorado, o desespero de minha mãe, irmãos, tios e avó. Sem conseguir entender o que de facto ocorria, fiquei desesperada. Fecharam o caixão e fez-se um terrível silêncio, a completa escuridão. Enterraram-me.»
Sandra neste desespero do desconhecimento ouvia uma voz que lhe apelava ao arrependimento, à oração, a pedir perdão e auxilio ao Pai. Assim aconteceu e foi auxiliada. Mas sentiu-se impelida e fugiu. Refugiou-se ao pé de uma vizinha sua (que era médium), que com os seus fluidos a foi perturbando, prejudicando-a, o que por sua vez também a fazia sofrer. A sua vizinha frequentava um Centro Espírita e lá Sandra recebeu passes, esclarecimentos através da doutrinação e foi encaminhada de novo ao posto de socorro para suicidas, denominado “Lar Senhora Esperança”.
Perguntaram-lhe um dia se um suicida era um covarde ou corajoso. Resolveu indagar junto de várias pessoas e chegou à conclusão que não era nem uma coisa nem outra, mas sim um acto puramente egoísta, pois nenhum motivo é justificável. Falou com Marília;
«(…) Se o sofrimento que sente o suicida após a morte do corpo fosse mais divulgado e a ele fosse dado crédito, isso daria medo aos corajosos que não temem matar seu corpo. E aos covardes que pensam em fugir de seus problemas, coragem para continuar vivendo encarnados
Deus não é injusto ao não nos dar o que queremos, nós é que devemos fazer por merecer o que desejamos. Aceitar as dificuldades e sofrimento com resignação.
«E que o espiritismo continue cada vez mais a elucidar a todos, encarnados e desencarnados, porque quem entende supera os problemas, o sofrimento é aceito, as dificuldades são recebidas com lições e agindo assim, o suicídio não será nem tentação.»
SUICÍDIO:
(O Céu e o Inferno – Capítulo V)
«O desespero é verdadeiro suicídio por minar as forças corpóreas, e quem abrevia os seus dias, no intuito de escapar mais cedo aos travos da dor, faz jus às mais cruéis decepções; deve-se, ao contrário, avigorar o corpo a fim de suportar mais facilmente o peso das provações.»
«A morte natural é a libertação da vida: o suicídio a rompe por completo.»
«Com o Espiritismo, ao contrário, a esperança fortalece-se porque o futuro se nos desdobra. O suicídio deixa de ser objectivo, uma vez reconhecido que apenas se isenta a gente do mal para arrostar com um mal cem vezes pior. Eis por que o Espiritismo tem sequestrado muita gente a uma morte voluntária. Grandemente culpados são os que se esforçam por acreditar, com sofismas científicos e a pretexto de uma falsa razão, nessa ideia desesperadora, fonte de tantos crimes e males, de que tudo acaba com a vida. Esses serão responsáveis não só pelos próprios erros, como igualmente por todos os males a que os mesmos derem causa.»
(O Evangelho Segundo o Espiritismo – Capítulo V, nºs 16 e 17)
«A propagação das ideias do materialismo é, pois, o veneno que introduz em muitas pessoas o pensamento do suicídio, o que trás para si próprios terríveis responsabilidades e covardia moral. Com o espiritismo, a visão da vida muda, as dúvidas dissipam-se, pois crêem e sabem que a vida se prolonga indefinidamente além-túmulo, embora noutras condições. Com paciência e resignação e sobretudo coragem moral, afastam a ideia de suicídio. Aclaram a certeza de uma vida futura na qual se sabem muito mais felizes, quanto maior a sua resignação e confiança no seu percurso terreno.»
DOUTRINAÇÃO:
(O Diálogo com as sombras – Hermínio C. Miranda)
Num grupo mediúnico, chama-se doutrinador a pessoa que se incumbe de dialogar com os companheiros desencarnados necessitados de ajuda e esclarecimento. Qualquer bom dicionário leigo dirá que doutrinar é instruir em uma doutrina, ou, simplesmente, ensinar. E aqui já começamos a esbarrar nas dificuldades que a palavra doutrinador nos oferece, no contexto a prática mediúnica.
Em primeiro lugar, porque o espírito que comparece para debater connosco os seus problemas e aflições, não está em condições, logo aos primeiros contactos, de receber instruções doutrinárias, ou seja, acerca da Doutrina Espírita, que professamos, e com a qual pretendemos ajudá-lo. Ele não vem disposto a ouvir uma pregação, nem predisposto ao aprendizado, como ouvinte paciente ante um guru evoluído. Muitas vezes ele está perfeitamente familiarizado com inúmeros pontos importantes da Doutrina Espírita. Sabe que é um Espírito sobrevivente, conhece suas responsabilidades perante as leis universais, admite, ante evidências que lhe são mais do que óbvias, os mecanismos da reencarnação, reconhece até mesmo a existência de Deus.
Quanto à comunicabilidade entre encarnados e desencarnados, ele nem discute, pois está justamente produzindo uma demonstração prática do fenómeno, e seria infantilidade de sua parte tentar ignorar a realidade.
Portanto, o companheiro encarnado, com quem estabelece o diálogo, não tem muito a ensinar-lhe, em termos gerais de doutrina. Por outro lado, o chamado doutrinador não é o sumo-sacerdote de um culto ou de uma seita, que se coloque na posição de mestre, a ditar normas de acção e a pregar, presunçosamente, um estágio ideal de moral, que nem ele próprio conseguiu alcançar. A despeito disso, ele precisa estar preparado para exercer, no momento oportuno, a autoridade necessária, que toda pessoa incumbida de uma tarefa, por mais modesta, deve ter. Não se esquecer, porém, de que, no grupo mediúnico, ele é apenas um dos componentes, um trabalhador, e não mestre, sumo-sacerdote ou rei. Sua formação doutrinária é de extrema importância. Não poderá jamais fazer um bom trabalho, sem conhecimento íntimo dos postulados da Doutrina Espírita. Entre os espíritos que lhe são trazidos para entendimento, há argumentadores prodigiosamente inteligentes, bem preparados e experimentados em diferentes técnicas de debate, dotados de excelente dialéctica. Isto não significa que todo doutrinador tem de ser um génio, de enorme capacidade intelectual e de impecável formação filosófica. A conversa com os espíritos desajustados não deve ser um frio debate académico. Se o dirigente encarnado dos trabalhos está bem familiarizado com as obras fundamentais do Espiritismo, ele encontrará sempre o que dizer ao manifestante, ainda que não esteja no mesmo nível intelectual dele. O confronto aqui não é de inteligências, nem de culturas; é de corações, de sentimentos. O conhecimento doutrinário torna-se importante como base de sustentação. O doutrinador precisa estar convencido de que a Doutrina Espírita dispõe de todos os informes de que ele necessita para cuidar dos manifestantes em desequilíbrio, mas isso não é tudo, porque ele pode ser um bom conhecedor dos princípios teóricos do Espiritismo e ser completamente desinteressado do aspecto evangélico; ou, ainda, conhecer a doutrina e recitar prontamente qualquer versículo evangélico, mas não apoiar o seu conhecimento na emoção e no legítimo desejo de servir e ajudar. Voltaremos ao assunto quando tratarmos do problema específico da doutrinação. Os espíritos em estado de perturbação, que nos são trazidos às sessões mediúnicas, não estão, logo de início, em condições psicológicas adequadas à pregação doutrinária, como já dissemos. Necessitam aflitivamente de primeiros socorros, de quem os ouça com paciência e tolerância. A doutrinação virá no momento oportuno, e, antes que o doutrinador possa dedicar-se a este aspecto específico, ele deve estar preparado para discutir o problema pessoal do espírito, a fim de obter dele a informação de que necessita. É nesse momento que ele precisa utilizar-se de seus conhecimentos gerais, intercalando aqui e ali um pensamento evangélico que se adapte às condições desenvolvidas no diálogo.
Isto nos leva a outro aspecto importante: o status”moral do doutrinador.
(…) É exactamente porque ainda somos tão imperfeitos quanto ele, que estamos em condições de servi-lo mais de perto. Muitos são desafectos antigos, que ainda não nos perdoaram. É aqui que vemos a validade da palavra sábia do Cristo:
— Reconcilia-te com o teu adversário, enquanto estás a caminho com ele.
Não podemos impor ao companheiro infeliz uma superioridade moral inexistente. O doutrinador é também um ser falível e consciente das suas imperfeições, mas isto não pode e não deve inibi-lo para a tarefa. É preciso.
Médium e doutrinador devem estimar-se e respeitar-se. Estima sem servilismo e sem fanatismo; respeito sem temores e sem reservas íntimas. Quando o relacionamento médium-doutrinador é imperfeito ou sofre abalos mais sérios, põe-se em risco a qualidade do trabalho mediúnico. A razão é simples e óbvia: ao incorporar-se, o espírito manifestante vem trabalhar com os elementos ou instrumental que encontra no médium. Se existe ali alguma reserva com relação ao doutrinador, ou, pior ainda, alguma hostilidade mais declarada, é claro que a sua tarefa negativa será bastante facilitada, da mesma forma que um médium mais culto fornece melhores recursos para uma manifestação de teor mais erudito ou um médium de temperamento mais violento oferece condições mais propícias a manifestações violentas.
Pela mesma razão, se existe entre médium e doutrinador um vínculo mais forte de afeição, o espírito agressivo fica algo contido, e ainda que agrida o doutrinador com palavras ou gestos, não consegue fazer tudo quanto desejava.
Muitos são os que se queixam disso, durante suas manifestações, exactamente porque não logram dar vazão aos seus impulsos e intenções, porque as vibrações afetivas entre médium e doutrinador arrefecem inevitavelmente tais impulsos.
Terça-feira - 25/Jan/2011
Ana Paula Viegas

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