quarta-feira, 12 de maio de 2010

Evocação e Invocação

Li, recentemente, num site espírita, o seguinte: «Devemos pedir aos bons espíritos para nos assistirem através da evocação indirecta, ou seja, somente por uma prece direccionada aos nossos mentores e guias.»

Relativamente a este modo de designar a prece por evocação indirecta, vejamos o que diz a doutrina espírita:

«INVOCAÇÃO (do latim in, em e vocare, chamar). EVOCAÇÃO (do latim vocare e e ou ex, de, fora de). As duas palavras não são sinónimos perfeitos; embora tenham a mesma raiz vocare: chamar, é um erro empregar uma pela outra. Segundo a definição académica “Evocar é chamar, fazer vir a si, fazer aparecer através de cerimónias mágicas, de encantamentos. Evocar almas, Espíritos, sombras. Os necromantes pretendiam evocar as almas dos mortos”. Antigamente, evocar era fazer sair as almas dos Infernos para que viessem até nós. Invocar é chamar para si, ou em seu socorro, um poder superior ou sobrenatural. Invoca-se a Deus pela oração. Na religião católica invocam-se os Santos. Toda a oração é uma invocação. A invocação está no pensamento; a evocação é um acto. Na invocação o ser a quem nos dirigimos ouve-nos; na evocação ele sai de onde se achava e vem manifestar-nos a sua presença.
A invocação apenas se dirige aos seres que supomos suficientemente elevados para nos assistir; a evocação dirige-se tanto aos Espíritos inferiores como aos superiores. … … …
A arte das evocações remonta à mais alta antiguidade. Encontramo-la em todas as épocas e em todos os povos.* Outrora a evocação era acompanhada de práticas místicas, ou porque as considerassem necessárias, ou porque, e é o mais provável, quisessem exibir o prestígio de um poder superior. Hoje sabemos que o poder de evocar não é um privilégio, pertence a todos, e que todas as cerimónias mágicas e cabalísticas nada mais eram que vão aparato.» – Allan Kardec

«–É aconselhável a evocação directa de determinados Espíritos?
-Não somos dos que aconselham a evocação directa e pessoal, em caso algum.
Se essa evocação é passível de êxito, a sua exequibilidade somente pode ser examinada no plano espiritual. Daí a necessidade de sermos espontâneos, porquanto, no complexo dos fenómenos espíritas, a solução de muitas incógnitas espera o avanço moral dos aprendizes sinceros da Doutrina. O estudioso bem-intencionado, portanto, deve pedir sem exigir, orar sem reclamar, observar sem pressa, considerando que a esfera espiritual lhe conhece os méritos e retribuirá os seus esforços de acordo com a necessidade da sua posição evolutiva e segundo o merecimento do seu coração.
Podereis objectar que Allan Kardec se interessou pela evocação directa, procedendo a realizações dessa natureza, mas precisamos ponderar, no seu esforço, a tarefa excepcional do Codificador, aliada a necessidade de méritos ainda distantes da esfera de actividade dos aprendizes comuns.» – Emmanuel

Texto retirado de “Instrução Prática das Manifestações Espíritas”, Paris, 1858 **
e de “O Consolador” de Emmanuel, psicografia de Chico Xavier
Texto debatido na reunião da AELA, 3ª feira, em 11 de Maio de 2010

*Na Bíblia é normalmente referida a passagem em que Saul consulta a vidente de En-Dor - 1Sm. 28, 7-22 (curiosamente, a edição da Difusora Bíblica de 2001, usa o termo invocar na tradução desta passagem). No entanto há outras referências como, por exemplo, no 2º Livro dos Reis, cap. 22, 14-20, em que o Rei Josias, após ouvir a leitura do Livro da Lei, manda um sacerdote (e mais quatro pessoas da sua confiança) consultar a profetisa Hulda que vivia em Jerusalém.

**Kardec publicou a 1ª edição de “O Livro dos Espíritos” em 1857. Essa 1ª edição continha 501 itens, em 3 partes. A 2ª edição, em 1860, continha 1019 itens, em 4 partes.
Após a edição de “O Livro dos Médiuns", em 1861, Kardec deixou de publicar o opúsculo "Instruction Pratique Sur Les Manifestations Spirites".

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