domingo, 16 de janeiro de 2011

Em Destaque - Metapsíquica Humana

A PROPÓSITO DA INTRODUÇÃO À METAPSÍQUICA HUMANA

de Ernesto Bozzano

Refutação do livro de René Sudre, Introdução ao Estudo da Metapsíquica


Logo nas primeiras páginas encontramos a razão desta obra de Bozzano, conforme podemos observar na seguinte transcrição:
- «Não me deterei em analisar o excelente tratado de metapsíquica publicado pelo Sr. René Sudre. Limitar-me-ei em notar que o autor conseguiu sintetizar, em um volume de proporções normais, exposição completa, erudita e bem-feita de todas as categorias de fenómenos metapsíquicos. Pode-se mesmo dizer que o trabalho não só atinge o fim que o inspirou, senão que constitui também alguma coisa mais do que uma simples INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA METAPSÍQUICA.
«A sua utilidade torna-se indiscutível, mesmo para os competentes no assunto, que não teriam facilidade de encontrar disposto, com tanta clareza e êxito, o imponente cabedal da fenomenologia examinada.
«Quanto à propaganda fecunda que um tratado como esse pode exercer nos meios científicos, não lamentarei, sequer, o anti-espiritismo superlativamente sofístico do autor, sem o qual a obra perderia, nesse sentido, toda a eficiência naqueles meios ainda dominados pelos preconceitos materialistas.
«Sob o ponto de vista pessoal meu – que diametralmente diverge daquele em que se coloca Sudre – é natural, entretanto, me disponha a analisar, discutir e refutar, uma por uma, as principais opiniões e hipóteses anti-espíritas, emitidas pelo autor […] um pensador de talento indiscutível […] Ernesto Bozzano»

Esta obra está dividida em 14 capítulos mais Conclusão e desses transcrevemos alguns títulos, a servir de referência:

MAGNETISMO ANIMAL E FENÓMENOS ESPÍRITAS - ANÁLISE CRÍTICA DE UMA ALÍNEA SOFÍSTICA - METAGNOMÍA E HIPÓTESES ESPÍRITAS - CATEGORIAS DE FENÓMENOS INEXPLICÁVEIS POR QUALQUER TEORIA METAPSÍQUICA - FENÓMENOS DE XENOGLOSSIA - FENÓMENOS DE DESDOBRAMENTO FLUÍDO OU BILOCAÇÃO NO MOMENTO DA MORTE - FENÓMENOS DE MATERIALIZAÇÃO - CORRESPONDÊNCIAS CRUZADAS.


Os excertos a seguir indicados têm como objectivo facilitar as referências do estilo do autor e da sua abordagem temática nesta obra:

- «Se consultarmos os tratados de magnetismo animal, verificaremos, com efeito, provas evidentes das prevenções que, a tal respeito, dominavam os magnetizadores, prevenções que encontram motivo principal no temor que o conhecimento de tais manifestações fizesse surgir novos obstáculos à tarefa, que lhes cabia, de ao demais convencer das curas maravilhosas, conseguidas pelas práticas magnéticas. Mas não é menos verdade que, não obstante tais prevenções, as manifestações de entidades de defuntos se davam repetidamente, pela intervenção sonambúlica. O próprio Deleuze, na sua correspondência com o Dr. Billot, o reconhece e nos seguintes termos: - Não vejo razão para negar a possibilidade da aparição de pessoas que, tendo deixado esta vida, se ocupam daqueles que aqui amaram e a eles se venham manifestar, para lhes transmitir salutares conselhos. Acabo de ter disto um exemplo, ei-lo...
«E Deleuze expõe o caso de uma sonâmbula, cujo finado pai a ela se manifestou, por duas vezes, a fim de aconselhá-la sobre o esposo que devia escolher; esses conselhos envolviam a realização remota de um facto que se veio a realizar […]
«O Dr. Billot responde a Deleuze, relatando um facto maravilhoso, com ele próprio ocorrido: o do transporte de uma planta medicinal, que veio cair sobre os joelhos da sua sonâmbula, pela intervenção de uma mocinha que, repetidas vezes, se manifestava por intermédio da mesma sonâmbula.
«Lembro, além disso, o facto do Barão Du Potet – que, pelo Journal du Magnétisme, provocava constantes polémicas com aqueles dos seus confrades que ousavam publicar qualquer episódio, sobre a manifestação de pessoas falecidas – haver confessado suas íntimas convicções nesse sentido, quando, em carta particular a Alphonse Cahagnet, e por este último inserta na sua obra, assim se exprimiu: - «Tratais, com uma antecipação de vinte anos, destas questões; a Humanidade não está ainda preparada para compreendê-las»

- «Eis o raciocínio de Adin Ballou, há setenta e cinco anos, e esta sua opinião se acha transcrita nas obras de Capron (1858), do professor Robert Hare (1855), do Dr. Wolfe (1869), de Alexandre Aksakof (1889); mas para Sudre só hoje os espíritas foram obrigados a reconhecê-lo e, isto mesmo, graças à força esclarecedora das pesquisas dos metapsiquistas destes últimos tempos.
«Mas continuemos. O nosso autor ainda assim se exprime: - Então discutem (os espíritas) sobre algumas categorias de fenómenos, em que se entrincheiraram e que declaram inexplicáveis pela teoria metapsíquica.
«Estas algumas categorias de fenómenos inexplicáveis pela teoria metapsíquica são antes numerosas e nada mais natural que os espíritas as declarem inexplicáveis pela hipótese naturalista, pois, de facto, o são. «Os próprios metapsiquistas anti-espíritas de tal forma o compreendem e, com isso, tal embaraço experimentam, que evitam prudentemente discuti-las, contentando-se de apenas a elas aludir, de modo geral, em nada concludente ou a elas não se referindo de modo algum, o que ainda é mais cómodo.
«Isso não impede, porém, que esses mesmos metapsiquistas continuem a inculcar a sua argumentação anti-espírita, como se houvessem respondido, refutado, destruído a dos seus opositores […] ele nos faz saber que os espíritas se apoiam audaciosamente no animismo para provar o Espiritismo, sem terem o necessário preparo para distinguir um do outro.
«A primeira parte desta objecção é estupenda, e a segunda completamente falsa. Estou eu entre aqueles que, de trinta anos para cá, se apoiam audaciosamente no animismo para provar o Espiritismo; nos números de novembro-dezembro de 1925 e de janeiro-fevereiro de 1926, da Revue Spirite fiz sair um longo artigo, rigorosamente documentado, com o fim de demonstrar que o Animismo, sob o ponto de vista de demonstração científica da existência e da sobrevivência da alma, era mais importante e decisivo do que o próprio Espiritismo; e nesse artigo fiz ressaltar a circunstância, altamente eloquente, de Frank Podmore, isto é, o adversário mais encarniçado da hipótese espírita, haver, mesmo ele, reconhecido essa verdade, nos termos que se seguem: - Seja ou não verdade que as condições do além permitem, às vezes, aos que lá se acham, entrar em comunicação com os vivos, é, em todo o caso, claro que essa questão se tornaria de importância secundária se se chegasse a demonstrar, sobre a base das faculdades inerentes ao espírito, que a vida da alma não está ligada à vida do corpo. Em outros termos, deve-se necessariamente admitir que, se é verdade que no sono medianímico ou extático, o Espírito conhece o que, a distância, se passa, percebe coisas escondidas, prevê o futuro e lê no passado, como em um livro aberto, então – considerando que estas faculdades não foram certamente adquiridas no processo de evolução terrena, cujo meio lhes não é próprio nem lhes justifica a emergência – então, dizia, parece que se poderá inferir que estas faculdades demonstram a existência de um outro mundo mais elevado, no qual elas se deverão exercer livremente, em harmonia com outro ciclo evolutivo, que não mais seria regido pelo nosso meio terreno. É importante acrescentar que a teoria aqui esboçada não é nenhuma especulação filosófica, fundada em suposições não verificáveis; é uma hipótese científica, baseada na interpretação de uma categoria precisa de factos... Seria inútil contestar que, se se pudesse provar a autenticidade dos fenómenos de premonição, de clarividência e tantos outros que testemunhassem que em nosso espírito se encontram faculdades psíquico-sensoriais transcendentais, então o facto da independência do espírito do corpo seria manifesta»

E terminamos com a seguinte transcrição:

- «E que ele seja um sofista de nascença prova-o outra circunstância por outra forma inexplicável, qual a de se não preocupar de aplicar às suas pesquisas os processos científicos da análise comparada e da convergência de provas. Torna-se, pois, evidente que a mentalidade de René Sudre, sendo a de um sofista de nascença de mistura com a de um temperamento manifestamente apaixonado do parti-pris, o torna inapto ao desempenho da tarefa de, com proveito, pesquisar as manifestações metapsíquicas»

DESEJAMOS UMA BOA LEITURA!

Carmen, 2011.Jan15.AELA-Destaques

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