quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Lei de Causa e Efeito

Ao atingir a condição para entrar no reino Hominal, o principio inteligente individualizado recebe em si a consciência moral. Nesse estágio mergulha na criação, experimentando tudo o que nela existe através da sua liberdade de agir. Os seus atos, inicialmente inconscientes, fruto de sua simplicidade e ignorância, ficam gravados no seu intimo e a seu tempo reclamarão atenção, para que se realize o progresso da Alma pelo despertar da consciência que em si acolhe.
Sócrates disse-nos que só vivendo se sabe e apenas vivenciando situações semelhantes ás que provocámos, podemos saber a verdadeira extensão dos nossos atos. É aí que entra em ação a educativa Lei de Causa e Efeito. Ao longo de vidas sucessivas vai despertando nossa consciência ao fazer experimentar em nós mesmos as consequências dos nossos atos. Essa consciencialização, progressiva, permite-nos distinguir o que é certo do que é errado tornando-nos cada vez mais responsáveis por nossas ações e cada vez mais sábios; até alcançarmos o recto agir, aquele em conformidade com as leis de Deus; leis que vivem em nós desde que recebemos a Centelha Divina e que nos guiam até à pureza espiritual.

A Lei de Causa e Efeito baseia-se no principio de que uma causa positiva gera um efeito positivo, enquanto que uma causa negativa gera um efeito negativo. Esta lei Divina é um dos princípios fundamentais da Doutrina Espírita pois é uma das leis que regula o processo reencarnatório para as almas que se encontram ainda em fase de expiação. Intrinsecamente ligada com a Lei da Reencarnação a Lei de Causa e Efeito é um dos grandes mecanismos que serve ao homem na sua jornada pela obtenção de sabedoria, interligando e relacionando atos e seres por vidas sucessivas, dando a oportunidade aos seus intervenientes de conhecer todos os lados de uma mesma questão. Os seus ditames trazem até nós as experiências de vida que necessitamos vivenciar para resgatar as ações do nosso passado ainda não inteiramente compreendidas dando seguimento ao nosso crescimento espiritual em concordância com a Lei da Evolução.
Esta infalível lei dá a cada um as experiências que necessita para a purificação de seus hábitos e inclinações negativas sob a forma de provas que terá de superar. Se suas ações forem positivas, ou seja, estiverem conforme a lei de Deus, candidata-se a novas provas. Caso contrário, se suas ações forem negativas terá de resgatá-las em nova oportunidade pelo efeito da reação.
É uma lei que se autorregula pois nossos atos revelam aquilo que já sabemos e aquilo que ainda não sabemos. As ações que vão contra a lei de Deus são indicador infalível do que necessita ser trabalhado, e em resposta a essa ação, surgirá uma prova da mesma natureza e com a intensidade justa e necessária ao nosso aprendizado : a intensidade fornecida por nós mesmos aquando da ação. Assim somos nós próprios que com nossos atos definimos a lição que virá ao nosso encontro. Se incidirmos repetidamente no mesmo ato, colheremos repetidamente um efeito semelhante na justa medida que ainda necessitarmos até nos consciencializarmos das suas causas sendo por esse caminho restabelecido o equilíbrio e a lição aprendida.
Os efeitos podem ser sentidos na mesma existência física em que se originou a causa ou em vidas futuras mas sempre mediante a aceitação do ser, em função da capacidade que já demonstre e da evolução que já alcançou através de suas múltiplas existências. Como seus efeitos se repercutem por diversas vidas pode não ser possível encontrar a causa de determinado efeito numa só existência pois a sua origem poderá estar em vidas anteriores, cujo conhecimento se encontra inacessível à maioria dos espíritos encarnados. Ainda assim conhecer esta lei ajuda-nos a manter uma postura de aprendiz, e com confiança no Criador e na Criação, ajuda-nos a aceitar e analisar os efeitos que vivenciamos mesmo não estando na posse de todos os elementos.
É uma lei muitas vezes associada ao sofrimento como punição pelos erros passados. No entanto é uma lei educativa que nos guia à sabedoria através da vivência. A purgação é conseguida em parte através do domínio dos maus vícios, do arrependimento e principalmente através do sofrimento que é despertado em nós pela consciencialização do mal que infligimos.
Em muitos livros encontrei uma afirmação que sempre me foi difícil compreender. Diversos autores afirmam que a evolução se faz quando se passa por uma prova sem lamentos nem revolta. Ao estudar esta Lei, parece-me que compreendi parte do que está subjacente a essa afirmação. Ao passarmos por uma prova devemos manter a serenidade e aceitação. Porque se não mantivermos semelhante atitude não nos é possível observar e analisar a situação de forma a compreendê-la, racionalizá-la e torna-lá em saber na medida que nos for possível. Por outro lado, o simples facto de não sentirmos revolta pode indicar por si só que já compreendemos a lição, aceitando-a.
Só vivendo se sabe e pela força desta lei impessoal podemos compreender como o sofrimento se pode tornar num bem, pois expandirá a nossa consciência tornando-a abrangente através da sabedoria adquirida. Assim, em vidas futuras, apesar de não retermos a memória das experiências passadas que nos despertaram a consciência, mantemos em nós o sentimento, que emergirá do fundo do nosso ser quando tomarmos contacto com situações semelhantes. Tal como uma voz silenciosa que nos adverte. Será a força desta voz tão ou mais intensa conforme o grau em que a lição estiver sabida.

Termino com uma citação de Albert Einstein que ilustra de forma simples o tema abordado. Disse-nos ele que :

"A vida é como jogar uma bola na parede :
Se for jogada uma bola azul, ela voltará azul;
Se for jogada uma bola verde, ela voltará verde;
Se a bola for jogada fraca, ela voltará fraca;
Se a bola for jogada com força, ela voltará com força.
Por isso, nunca "jogue uma bola na vida" de forma que você não esteja pronto a recebê-la.
"A vida não dá nem empresta; não se comove nem se apieda. Tudo quanto ela faz é retribuir e transferir aquilo que nós lhe oferecemos"
(Albert Einstein)

Texto lido e debatido em reunião da AELA, 3ª Feira de 18-Jan-2011

1 comentário:

  1. É isso mesmo, oferecemos flores a pessoa aceita, oferecemos espinhos a pessoa não aceita, ficamos com o espinho.

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