quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Princípios espirituais de mestres- O verdadeiro mestre.


Ao folhearmos o livro de palestras de Osho " A semente de Mostarda " deparámos com um texto que nos chamou a atenção por ser algo que todos os entendidos de assuntos espirituais focam e, necessário se torna, que o aspirante ao conhecimento espiritual compreenda.

Ninguém pode capacitar ninguém da sabedoria espiritual, nem lhe retirar seja o que for do seu compromisso kármico, por muito sábio que seja, se o pedinte ainda não tiver atingido as condições evolutivas necessárias para poder entender em profundidade, o que lhe está a ser transmitido, porque isso requer uma grande transformação pessoal da sensibilidade da alma humana já destituída dos conceitos materiais incorrectos que, a mente incorporou como real e que não faz parte da verdadeira realidade, porque esta é infinita e a primeira é ilusória. A creação resolve-se em si mesma, não através de milagres ou de pedidos mas das leis que se encontram inseridas em si mesma.

Por isso a frase: "Ouvindo não ouvem e vendo não vêm".

Necessário se torna que o iniciante da demanda se disponha a lutar com perseverança e força de vontade de libertar-se dos valores do mundo, podendo usá-los com o devido equilíbrio e a dignidade espiritual do desapego sem ser escravo deles, o que só ele o poderá fazer, não esquecendo que quando o discípulo estiver pronto o mestre aparece para que  possa  alvorecer o principio da iluminação para a realidade. De outra forma, será sempre um pedinte de consolação e um prisioneiro da sua mente, repleta de conceitos que serviram - mas já não servem.

Todos aqueles que acolhem as petições de consolação estão praticando um mau serviço de ajuda,  embora ignorantemente, pois o que há a fazer é esclarecer a razão pela qual existe o sofrimento e a dor, como efeito de causas, para levar o pedinte a enfrentar as situações da sua evolução, porque o próprio Jesus pediu a Deus que se fosse possível lhe retirasse o cálice do sofrimento porque ia passar e, como não era possível, crucificaram-no. Por isso venceu o mundo e entrou em sua glória.

 Abrame
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Mas vamos ao texto: ( Segundo o evangelho de que se serviu Osho foi o apócrifo de Tomé")

 Jesus disse:  - Possivelmente, os homens pensam que eu vim trazer a paz ao  mundo, porque não sabem que na verdade eu vim à terra trazer a divisão, e com ela o fogo, a espada, a guerra."  

   Quando procura um mestre como Jesus, o leitor vem em busca de paz. A questão é que não tem consciência de que veio ter com a pessoa errada. No seu estágio evolutivo, tal como ele é, agora não é possível alcançar a paz. E se alguém lhe proporciona paz, é uma paz de morte. Para o tipo de pessoa que você é, o que significa tornar-se «pacífica»?. Significa que deixou de lutar antes de ter conquistado o que quer que fosse. Para uma pessoa com as suas características, o que significa atingir o silêncio?  Significa que assume o silêncio sem ter tocado o seu eu superior, é um mero silêncio conformado. É assim que se distingue um verdadeiro mestre de um falso mestre. Um falso mestre dá-lhe consolo e paz, independentemente do caminho que você tiver percorrido. Funciona como um tranquilizante, um comprimido para dormir.
  Mas se estiver perante um verdadeiro mestre, o critério é outro: qualquer que seja o tipo de paz que você atingiu, ele vai destruí-la; qualquer que seja o conforto que você possui, ele será desmantelado. Um verdadeiro mestre cria perturbação e conflito. Um verdadeiro mestre não o pode consolar, porque não é seu inimigo. Todas as formas de consolo são venenosas. Um verdadeiro mestre ajuda a pessoa a crescer, e crescer é difícil; há inúmeros obstáculos. Perante um verdadeiro mestre, muitos são os momentos em que gostaria de fugir dele, mas não pode fazê-lo, porque ele encontrá-lo-á onde quer que você esteja. O consolo não pode constituir um objectivo. Um verdadeiro mestre não pode proporcionar-lhe uma paz falsa. Proporciona-lhe crescimento, e, através desse crescimento, um dia você desabrochará. E nesse desabrochar haverá a verdadeira paz, o verdadeiro silêncio. O consolo é falso.
  Há muitas pessoas que vêm ter comigo, e eu compreendo porquê, e percebo os problemas que as levam a consultar-me. A maioria das pessoas procura consolo. As pessoas dizem-me: «Estou a passar grandes dificuldades. Não tenho paz, estou muito tenso. Dê-me alguma coisa - abençoe-me para que me possa sentir em paz.»
  O que significa isto? Se eu conseguir dar paz a estas pessoas, que significado tem esta paz? Se o fizer, estas pessoas nunca mudarão. Este não é seguramente o caminho correcto. Mesmo que um verdadeiro mestre também console as pessoas, esse consolo funciona como uma rede. O consolo cativa-o, e, entretanto, o mestre começa a desconstruir, a criar o caos em si.
  É imprescindível que passe pelo caos, porque, tal como é neste momento, você está absolutamente errado. Se alguém o consolar no seu estado actual, esse alguém só poderá ser seu inimigo. Ao apoiar-se neste tipo de pessoa, é certo que só irá perder tempo, vida e energia, e, no fim, o consolo de pouco lhe servirá. No momento da morte, todos os consolos se desvanecem, evaporando-se como por encanto.
OSHO
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Com muita amizade, Abrame.

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